Em janeiro deste ano, Gustavo Silva dos Santos, de 23 anos, morto em confronto com policiais do Batalhão de Choque na última sexta-feira (21), já tinha sido flagrado com uma arma de brinquedo. Na ocasião, ele estava acompanhado de um amigo, também de 23 anos, que se dizia integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e que atualmente está preso na Máxima.

Na tarde do dia 26 de janeiro, equipe da 11ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar) foi acionada para ir até uma creche, no Jardim Anache, por onde dois rapazes tinham passado dentro de um Palio, apontando uma arma de fogo para populares. Os policiais foram até o local e encontraram o veículo.

Foi feita abordagem aos suspeitos, sendo que Gustavo ainda tentou fugir do local, mas acabou contido. No carro, os militares encontraram a pistola de ar comprimido, preta, similar a uma pistola Taurus. O suspeito que acompanhava Gustavo teria dito que tinha muitos desafetos na região e queria intimidar os moradores.

Assim, foi verificado que ele estava evadido do Sistema Prisional, ocasião em que foi recapturado e encaminhado para a Máxima. No momento da prisão, ele teria se alterado, dizendo que era do PCC e ainda fez ameaças aos policiais. Os dois foram encaminhados até a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, onde foi registrada a ocorrência de resistência e desobediência.

Crimes comandados do presídio

Série de roubos em Campo Grande e também cidade do interior teriam sido orquestradas por um detento da Máxima, conforme explicou o major Rocha, comandante do Batalhão de Choque. Gustavo e Guilherme Souza Camargo, de 28 anos, integravam a quadrilha e acabaram morrendo em confronto com policiais.

De acordo com o major, a quadrilha passou a ser monitorada após o roubo de um caminhão, no dia 9 de maio. O grupo não conseguiu atravessar o veículo e a suposta mandante, identificada como ‘madrinha do PCC', foi presa com o comparsa. Já no dia 15 de maio, em Ribas do Rio Pardo, uma mulher que estava com um bebê foi feita refém por várias horas.

Ela teve a camionete Hilux roubada pelos bandidos, que seriam integrantes da mesma quadrilha, ligada ao PCC. Os criminosos teriam se especializado em roubarem e levarem veículos para a fronteira. Gustavo e Guilherme morreram na noite de sexta-feira, após trocarem tiros com os policiais na Vila Ipiranga.

Troca de tiros

A troca de tiros aconteceu quando os dois rapazes roubaram um Hyundai Elantra ,na frente de uma residência, nas proximidades da 5ª Delegacia de Polícia Civil, por volta das 23 horas. Eles abordaram um casal que conversava dentro do carro, exigiram a chave, tomaram aliança e uma corrente e chegaram a revistar o motorista, para conferir se ele poderia estar armado.

Na sequência, mandaram as vítimas saírem do Elantra e fugiram. O casal percebeu que enquanto os indivíduos agiam, um automóvel modelo hatch trafegava devagar, como se estivesse dando suporte. A polícia foi informada do ocorrido e, na Rua Estevão Alves Ribeiro, as equipes do Choque se depararam com o Elantra, solicitaram apoio e passaram a acompanhar o automóvel.

Ao perceberem que eram seguidos, os bandidos abandonaram o carro e começaram a fugir a pé, dando início à perseguição. Guilherme não obedeceu ordem para se render, sacou uma arma de fogo e apontou para a direção da equipe, que revidou, atingindo-o com quatro disparos no tórax. A PM afirma que tal medida se fez necessária para repelir a agressão e preservar os militares. O baleado foi socorrido até o Hospital Regional, mas não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo.

Ele portava um revólver da marca Taurus, municiado. As equipes continuaram as buscas por Gustavo, que foi encontrado nas proximidades do Parque Ecológico Anhanduizinho. Ao ser cercado em um terreno baldio, ele teria disparado contra os policiais, sendo baleado em revide. Assim como o comparsa, Gustavo também foi socorrido, mas não resistiu.

Contra ele havia mandado de prisão em aberto e foi encontrado com ele um revólver calibre 38 da marca Taurus, com numeração raspada, municiado com cinco projéteis, dos quais dois haviam sido deflagrados e um não teria percutido. O carro das vítimas foi apreendido e encaminhado à (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos). Como procedimento padrão, os policiais também entregaram armas para perícia.