A Justiça condenou 15 pessoas denunciadas na Operação Laços de Família, que investigou a organização criminosa conhecida como Máfia da em Mato Grosso do Sul. A quadrilha atuava com tráfico internacional de drogas e tinha estreita ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital). O subtenente da PM (Polícia Militar), Silvio César Molina, é apontado como chefe da organização e foi condenado a 61 anos de prisão.

Os 15 denunciados na operação foram condenados na quinta-feira (16) pelo juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande. As penas variam de 3 a 61 anos de prisão, pela prática tráfico de drogas, ocultação de bens e associação criminosa. A sentença determinou, ainda, pagamento de multas e perdimento de bens.

O subtenente da PM, Silvio Molina, foi condenado a 61 anos, 11 meses e 21 dias de reclusão, além do pagamento de 6.576 dias-multa. O filho do PM ainda operava como líder operacional, mas faleceu em uma emboscada preparada por rivais. Segundo a investigação, a sede da quadrilha ficava em Mundo Novo, a 462 km de Campo Grande, onde o grupo atuava de forma semelhante à máfia: os chefes da organização eram da mesma família e tinham estreita ligação com a facção PCC.

Além do subtenente, os ‘gerentes' da organização também receberam penas maiores. Eles tinham como função organizar os motoristas que transportariam as cargas. As penas para os gerentes varia de 20 a 31 anos de prisão.

De acordo com a decisão da Justiça, a família envolvida na organização tinha papel decisivo ao liderar o esquema e evitava se relacionar com intermediários e gerentes. As informações são de que os executores das ordens praticamente não tinham contato direto com a cúpula e privilegiavam encontros pessoais com intermediários. “Todos eram descritos como armados e violentos, tendo promovido uma guerra entre facções locais de Mundo Novo, culminando em perseguições, torturas e assassinatos de rivais”, aponta.

Máfia da fronteira

O esquema ocorria por meio do transporte rodoviário de grandes carregamentos do entorpecente, desde a fronteira com o até o nordeste do Brasil, e também via lavagem de dinheiro. Ao todo, foram apreendidos mais de 27 toneladas de maconha, que era transportada em caminhões e ‘disfarçada' em cargas diversas, como a granel e ração para cachorro. Os caminhões utilizados, além de diversos outros bens, eram registrados em nome de ‘laranjas' da quadrilha.

A investigação, que começou em 2016, identificou entre 40 e 50 ‘laranjas' usados pela quadrilha. Os outros integrantes, de grupos inferiores, eram chamados de ‘correrias' e os de grupos superiores, identificados como ‘gerentes'.

Para impor medo e respeito aos adversários, o grupo praticava torturas em crimes violentos. A quadrilha era tão organizada que usava ao menos 10 empresas de fachada para lavar o dinheiro do narcotráfico. A PF estima que, antes da operação, já tinha provocado um prejuízo de R$ 61 milhões à família com apreensões de drogas, joias, dinheiro e bens móveis e imóveis. Foram apreendidos R$ 310 mil para pagamentos de drogas, R$ 80 mil em joias, cinco embarcações, sendo quatro iates.