Júri popular de mãe que enterrou filha viva de cabeça para baixo em MS é marcado

Após grande repercussão do caso, julgamento foi transferido para Três Lagoas

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Foi marcado o júri popular de Emileide  Magalhães, de 30 anos, que matou a filha Gabrielly Magalhães de Souza, de 10 anos, estrangulada e a enterrou viva de cabeça para baixo em Brasilândia, em março de 2020. O julgamento acabou sendo transferido para a cidade de Três Lagoas, após a repercussão do caso.

O júri popular de Emileide deve acontecer em janeiro de 2022. “O processo está preparado para julgamento pelo Tribunal do Júri, o qual fica designado para o dia 12/01/2022, às 08h00min, na sala de sessões do Tribunal do Júri desta Comarca”, diz a determinação da Justiça. A decisão de transferência do júri para outra comarca foi tomada pela 2ª Câmara Criminal, no dia 14 de outubro deste ano, sendo o relator o desembargador Jonas Hass Silva Júnior, com despacho do dia 18. 

A defesa pediu pela troca de cidade no julgamento, após o município de Brasilândia publicar duas leis relativas aos fatos. Em 8 de junho de 2021, foi publicada a Lei nº 2.886/2021 que institui o dia de mobilização “Gabi Vive”, em memória de Gabrielly Magalhães de Souza. E, no dia 7 de julho de 2021, foi publicada a Lei nº 2.893/2021, que denominou o CREAS de Brasilândia com o nome da vítima, “Gabrielly Magalhães de Souza”.

Com isso, a defesa pediu a mudança: “Desta forma, entende-se que a realização da sessão do Tribunal do Júri em Brasilândia – MS não pode garantir um julgamento isento nos termos previstos em lei, vez que não há garantia de imparcialidade dos jurados”.

‘Não ocultei, enterrei viva’

A defesa havia tentado afastar a qualificadora de ocultação de cadáver, por enterrar a filha e ainda por falsa comunicação de crime. Mas, o pedido foi negado. A defesa havia alegado que não houve ocultação do corpo, já que não havia cadáver porque, segundo a defensoria pública, Gabrielly foi enterrada viva, e quando da descoberta do crime, a acusada mostrou onde havia enterrado a filha viva, não ocultando em momento algum o seu paradeiro. 

O MPMS (Ministério Público Estadual), ao pedir que fossem incluídas qualificadoras, afirmou que “mal fez a menina a mãe a não ser vítima de agressão, abuso sexual e ameaça, revelando que Emileide agiu com alta imoralidade de sua conduta com menosprezo pela vida da filha, de maneira repugnante, reprovável”.

Ainda havia sido alegado que o crime não configuraria motivo torpe, já que o motivo para o assassinato seria a ocultação de outro crime, o de abuso sexual cometido pelo padrasto da menina contra ela. E, por fim, também é alegado que Emileide não fez comunicação de falso crime, já que apenas disse que a filha estava desaparecida e não disse, em momento algum, que a criança havia sido sequestrada ou levada por terceiros. 

Estupro e homicídio

Em 21 de março de 2020, o crime foi descoberto pela Polícia Civil do município após a criança ser encontrada enterrada. Foi apurado que a própria mãe, Emileide Magalhães, de 30 anos, foi quem matou a filha a estrangulando e enterrando viva, causando a asfixia da criança.

Ainda nas investigações policiais, foi apurado que, em 2019, a vítima chegou a contar para uma colega de sala que estava sendo estuprada pelo padrasto. A colega teria orientado a menina a contar para a professora, mas como a vítima já tinha sido ameaçada pela mãe por conta dos abusos, preferiu manter o silêncio.

A princípio, a mãe da vítima teria cometido o crime por ciúmes do marido, que estuprava a criança. O irmão, três anos mais velho, testemunhou o crime e foi obrigado a ajudar a mãe. Ele também acabou internado na Unei (Unidade Educacional de Internação), mas foi liberado dias depois.

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