‘Eu quero paz e para ele, Justiça’, diz mulher que teve carro incendiado por ex em Campo Grande
As marcas de agressão pelo corpo não refletem toda a violência sofrida por Ana Karla Nascimento de Oliveira, de 27 anos. Foram 12 anos de um relacionamento, dos quais sete foram resumidos por ciúmes, ameaças e brigas. Ao notar que tinha a chance de se desvencilhar e viver a própria vida, foi o que fez. […]
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As marcas de agressão pelo corpo não refletem toda a violência sofrida por Ana Karla Nascimento de Oliveira, de 27 anos. Foram 12 anos de um relacionamento, dos quais sete foram resumidos por ciúmes, ameaças e brigas. Ao notar que tinha a chance de se desvencilhar e viver a própria vida, foi o que fez. No entanto, na manhã desta quarta-feira (10), teve o carro incendiado pelo ex-companheiro, que não aceitava o fim.
Ana conversou com o Jornal Midiamax. “O meu relacionamento com ele foi entre idas e vindas. De uns sete anos para cá o relacionamento começou a ficar abusivo, com agressão física e psicológica”. Ela relata que tentou por várias vezes se separar e chegou a registrar boletins de ocorrência pedindo medida protetiva. “Eu sempre tentava sair disso, fiz quatro boletins de ocorrência, mesmo assim eu sempre voltava porque ele prometia mudança”.
Ana ainda lembra das vezes que chegou a pedir demissões dos trabalhos que conseguia por causa dos ciúmes do então companheiro. “Sempre trabalhei, sempre ajudei muito em casa, mas chegava ao ponto que tinha que pedir para sair dos serviços. No último trabalho eu ia fazer a seletiva e ele fez de tudo para atrapalhar, porque se eu não fosse esse dia, iria perder a vaga. Ele fez de tudo e eu perdi a seletiva”, revela Ana.
“Nesse dia eu surtei, falei que ia me matar”, lamenta. “Então decidi ir na empresa, porque eu não podia perder tudo, tinha ficado uma semana fazendo curso para perder a vaga? Fui na empresa, expliquei tudo o que aconteceu, que eu estava saindo de um relacionamento abusivo e eles me cederam a vaga de novo”.
Ana Karla entrou na empresa e a partir daí os ciúmes aumentaram. O companheiro olhava todas as mensagens no celular, sempre suspeitando que estava sendo traído. “Começou a olhar mensagens porque tinha o grupo da empresa. Ele mandou mensagem até para o rapaz que eu nunca tinha conversado, perguntando se eu tinha falado que era casada”.
“Cheguei em casa nesse dia e eu falei que não queria mais. A gente separou, então ele acabou com a nossa casa, quebrou tudo. Eu fui na delegacia e fiz B.O, pedi a medida protetiva e fui para casa da minha mãe”. Ela lembra que nas últimas brigas, antes da separação, os filhos de 2 e 7 anos presenciaram. “Nas últimas brigas que nós tivemos, eles já estavam entrando no meio da confusão, chorando, pedindo para parar. Minha ficha começou a cair quando meu filho mais novo um dia falou que ia matar ele”, conta.
Quatro meses de separação
O casal estava separado há quatro meses e, até esta quarta-feira (10), Ana Karla diz que tudo estava tranquilo. “Ele não encheu o saco nem nada, até então ajudava bastante as crianças, estava me respeitando”, diz. No entanto, há duas semanas, o ex mudou o comportamento.
“Enquanto ele estava vendo que eu estava de casa para o trabalho e do trabalho para casa, sem fazer nada, estava tranquilo na cabeça dele. Mas de um tempo para cá comecei a me relacionar com umas amizades que eu tinha anteriormente e ele começou a sentir ciúmes disso”. O ex passou a importuná-la, a persegui-la. “Ele viu que perdeu o controle da situação e começou a perseguir”, diz.
Carro incendiado
Na madrugada desta quarta-feira, ele teria ligado e mandado inúmeras mensagens para Ana, que estava na casa da amiga, no bairro Tijuca. “Pedia pra voltar e eu dizia que não acreditava no mudar dele, na verdade eu acordei pra vida”, conta.
Já durante o dia, foi surpreendida pelo homem pulando o muro da casa da amiga. “Ele começou a xingar, agredindo eu e minha amiga. Eu sai para pedir socorro e ele falou que ia colocar fogo no carro. Sai de novo pra pedir socorro e quando eu voltei o carro estava incendiado. A gente tentou jogar água para apagar, mas foi muito rápido”, revela.
No momento, Ana diz que entrou em estado de choque. “Ele ainda voltou lá de moto e falou para eu assoprar, eu fiquei sem reação nenhuma. Percebi que ele não tem nada a perder, ele não pensa nos filhos e não tem consideração nem por ele mesmo”, lamenta.
Após o episódio, Ana Karla afirma que ainda está assustada e com medo. “Eu quero paz e para ele quero que a justiça seja feita. Nesse tempo todo eu percebi que eu não mereço, eu e mulher nenhuma merece passar por isso”.
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