Contador de organização, servidor já simulou a morte para fugir da polícia em MS
Flagrado com R$ 35 milhões na conta, Tércio já está preso e foi ouvido em operação da Dracco
Arquivo –
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A organização criminosa, que tinha como integrantes um servidor da Prefeitura de Campo Grande e uma faxineira, tinha ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a delegada da Dracco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), Ana Cláudia Medina.
A delegada ainda disse que o servidor da Prefeitura era o contador da organização criminosa. Ele e a faxineira deverão prestar depoimento. Eles não foram presos, já que o servidor identificado como Tércio Moacir Brandino, já está preso desde abril deste ano. A organização de que faziam parte já havia movimentado mais de R$ 78 milhões.
Tércio Moacir Brandino já havia simulado a própria morte, em 2017, após sair do Instituto Penal de Campo Grande, para não ser preso novamente pelos crimes de lavagem de dinheiro, mas acabou preso em abril deste ano pela Dracco.
Também ficou evidenciado durante as investigações que, as empresas alvo da operação em Mato Grosso do Sul foram constituídas por intermédio de um profissional contabilista, Tércio Moacir, que foi recentemente preso pelo Dracco. O contador se especializou e se dedicava à criação de empresas de fachada, mediante emprego de falsidade documentais diversas, para lastrear os recursos monetários auferidos com as atividades criminosas. A organização tinha ‘tentáculos’ em outros estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
A operação contra a organização criminosa foi em conjunto com a Dracco de Mato Grosso do Sul e a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, onde foram cumpridos 120 mandados de busca e apreensão, sequestro de bens e bloqueio de contas bancárias.
Investigações
As investigações começaram em 2020, quando a Delegacia de Bagé realizou uma grande apreensão de drogas em Porto Alegre, aproximadamente 12 quilos de cocaína. Durante as investigações, em ações integradas com o setor de Inteligência da Brigada Militar e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Bagé, a polícia ainda apreendeu aproximadamente 31 quilos de cocaína, 57 quilos de maconha e 5 quilos de crack, em diversas ações.
Já no dia 30 de julho deste ano, a polícia desarticulou um laboratório de refino de cocaína e crack em Bagé, onde três pessoas foram presas em flagrante. Desde o início das investigações, 20 pessoas foram presas em flagrante e 22 indiciadas pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e posse de instrumentos para produção de droga.
O líder da organização criminosa da fronteira está recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, onde cumpre mais de 120 anos de prisão, e de lá comanda a distribuição de droga para diversas cidades do Rio Grande do Sul.
‘Laranjas’
Foram identificadas movimentações financeiras suspeitas realizadas, por meio de contas de “laranjas”, em cidades da fronteira, que tinham como destino contas bancárias de empresas e pessoas em diversas cidades do país, especialmente nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. As contas eram usadas para gerenciamento e contabilidade do fluxo de dinheiro decorrente do tráfico de drogas.
O núcleo financeiro da quadrilha movimentou mais de R$ 78 milhões em operações financeiras fraudulentas. A faxineira e o funcionário já teriam movimentado mais de R$ 15 milhões de reais na conta bancária da sua pessoa jurídica — que não existe (no endereço há apenas uma casa abandonada).
Morte simulada
No dia 9 de fevereiro de 2017, Tércio saiu do Instituto Penal de Campo Grande, com alvará de soltura em outro processo, porém, mantendo ainda em seu desfavor outros dois mandados de prisão preventiva que impediam sua liberação. No entanto, ele saiu pela porta da frente e não havia sido localizado desde então.
A liberação foi descoberta depois de dois meses, quando Tércio foi procurado no Instituto Penal para ser intimado e tomar ciência de sua condenação por estelionato e falsificação de selos públicos, no mês de abril daquele ano. Na ocasião, o oficial de Justiça constatou a fuga. O caso foi investigado e um agente penitenciário foi condenado por ajudá-lo.
Já foragido, o contador ainda tentou impedir sua recaptura pelos órgãos de segurança pública, simulando a própria morte. Ele atribuiu seus dados pessoais a um paciente que havia dado entrada no Hospital Regional de Campo Grande e morrido em seguida. Contudo, a fraude foi descoberta pelo Dracco, através de confronto papiloscópico requisitado e promovido pelo Instituto de Identificação de Campo Grande.
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