Foi concluído inquérito sobre a morte de Márcia Catarina Lugo, esposa de um policial civil aposentado, encontrada no dia 8 de outubro, na BR-262. ‘Sobrinho', amigo e pessoa de confiança da vítima, Carlos Fernandes Soares é o principal suspeito de ter cometido o homicídio e foram identificadas várias mentiras contadas por ele nos depoimentos.

Nesta segunda-feira (8), o delegado João Reis Belo, titular da 6ª Delegacia de Polícia Civil, esclareceu que Carlos “se revelou um mentiroso que acredita nas próprias mentiras”. Mesmo com a prisão dele e de ‘', cobrador de agiota apontado por Carlos como o autor do homicídio, várias dúvidas foram surgindo. Foi assim que a polícia identificou as mentiras contadas por ele.

Em um momento inicial, Carlos confidenciou para uma familiar de Márcia que estava presente no momento do crime. Na história contada por ele, ele teria alugado uma SW4, com a qual levou a amiga até a Rua Bom Progresso, no Tarumã, na noite do dia 7 de outubro. Ele alegou que Márcia desconfiava de uma traição por parte do marido e eles estariam ‘investigando'.

SW4 usada por Carlos no dia do crime (Foto: de França)

Foi ali que China, em um HB20 branco, teria encontrado Carlos. Ele teria ido cobrar uma dívida de Carlos a um agiota, quando então teria começado uma discussão. Na versão de Carlos, ele estava armado, mas a arma caiu e China deu dois disparos, sendo que um atingiu Márcia. Logo começaram as dúvidas. Como China teria identificado que naquele carro alugado estava Carlos?

Depois, a história contada seria de que China teria desovado o corpo de Márcia, usando a SW4, enquanto Carlos foi levado por um comparsa do cobrador, ainda não identificado, no HB20.

Outras dúvidas e mentiras reveladas

Uma série de mentiras e dúvidas foram surgindo no decorrer das investigações. Conforme o delegado Reis Belo, foi feita perícia nas imagens de câmeras de segurança do local onde teria ocorrido o crime. O HB20 não apareceu em nenhuma das filmagens. Moradores da região foram ouvidos e também relataram que não ouviram tiros ou qualquer movimentação naquele horário, no dia 7 de outubro.

Câmeras de segurança da região onde China mora também foram analisadas e revelaram que, no suposto momento do crime, ele estava em casa, com a família. O mapeamento do GPS do HB20 usado por China também não indicou que o carro tenha passado pelo suposto local do crime.

Com essas evidências, o delegado ressaltou que China não teria participação no crime. Com isso, foi solicitada a revogação da prisão preventiva.  

Movimentação financeira

Amigo da família de Márcia há menos de um ano, mas já próximo da vítima, Carlos teria conquistado a confiança dela. A polícia conseguiu identificar movimentações financeiras suspeitas, feitas de contas de Márcia e também da mãe dela para Carlos.

Ao todo, foram R$ 104 mil, em várias transferências pequenas por PIX, feitas de Márcia para Carlos, além de uma transferência de R$ 20 mil. Após a morte de Márcia, Carlos teria ficado com cartões e as senhas da vítima e teria feito várias compras. Ele chegou, inclusive, a deixar uma das contas de Márcia negativada e ainda fez um empréstimo de R$ 2 mil em nome dela.

Carlos chegou a alegar que Márcia o ajudava com as dívidas que tinha com agiotas e, por isso, teria feito as transferências. No entanto, levanta suspeita da polícia que Márcia não tinha renda suficiente para ajudar o ‘amigo'. Uma herança de R$ 300 mil recebida pela vítima após a morte do pai, por em 2020, teria ‘saltado aos olhos', de Carlos.

Tentou apagar provas

Após a morte de Márcia, Carlos teria desovado o corpo da vítima e foi ao lava-jato que é proprietário, onde lavou toda a SW4 alugada. Ele chegou a apagar as imagens das câmeras de segurança do estabelecimento, mas as filmagens foram recuperadas pela polícia. Já no início da manhã do dia 8 ele teria ligado para funileiro e tapeceiro para tirar os vestígios do carro.

Carlos chegou a sair de , passou por várias cidades do interior e foi detido em Ponta Porã, após a prisão de China. Ainda sem confessar os crimes, ele responderá pelo homicídio qualificado por motivo torpe, ocultação de cadáver e recurso que dificultou defesa da vítima, além de fraude processual.