#Retrospectiva2020: PCC iniciou nova guerra para retomar o controle da fronteira em MS

Já perto do final de 2020, em meados de novembro, o PCC (Primeiro Comando da Capital) iniciou nova guerra na região de fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai. A linha internacional voltou a ser local de sequestros e mortes por recompensas em dinheiro, tudo pelo controle do tráfico de drogas e armas. A […]

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Já perto do final de 2020, em meados de novembro, o PCC (Primeiro Comando da Capital) iniciou nova guerra na região de fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai. A linha internacional voltou a ser local de sequestros e mortes por recompensas em dinheiro, tudo pelo controle do tráfico de drogas e armas.

A disputa entre as organizações criminosas já conhecidas na região e a facção criminosa perduram desde a morte de Jorge Rafaat, em junho de 2016. Foi em novembro de 2020, no entanto, que novas ordens de matança e sequestro pelo PCC resultaram no assassinato e desaparecimento de pessoas e posteriormente até desencadearam operação da Polícia Federal.

#Retrospectiva2020: PCC iniciou nova guerra para retomar o controle da fronteira em MS
Rafaat foi executado na fronteira / Arquivo

A notícia de que a guerra teria recomeçado ocorreu em 24 de novembro, quando dois carros foram encontrados incendiados no Paraguai. Além dos veículos, a notícia do desaparecimento de quatro pessoas, ligadas a Fahd Jamil, conhecido como o ‘Rei da Fronteira’. Dois dias depois, os corpos dos desaparecidos foram encontrados em uma vala.

Este foi o primeiro sinal da retomada da disputa pelo controle da fronteira. Sites de notícias paraguaios chegaram a apontar que Ederson Salinas Benitez, sucessor de Sérgio de Arruda Quintilliano, o Minotauro, na liderança do PCC teria sido o responsável pela ordem de matanças.

‘R$ 10 mil por cabeça’

Além do ataque às quatro pessoas ligadas a Fahd Jamil, que foram sequestradas e mortas, a ordem que teria partido de liderança do PCC de um presídio era para que todos aqueles ligados a Jorge Rafaat Toumani fossem assassinados. Para os crimes, recompensa no valor de R$ 10 mil. A ordem ainda era de que fossem poupadas apenas mulheres e crianças.

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(Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Não demorou até que a matança chegasse a outras cidades. No dia 30 de novembro, Juliano Pereira, de 42 anos, foi executado na Gameleira, em Campo Grande. Na época, o Midiamax apurou que ele seria um sobrinho de consideração de Rafaat e em 2017 foi mandante do assassinato da ex-mulher e cunhada, após descobrir que elas estavam ligadas ao PCC.

No dia 4 de dezembro, Michel Antunes Pinto, de 35 anos, foi executado a tiros com a filha, de 9 anos. O crime aconteceu na região de Zanga Pytã (PY), fronteira com Sanga Puitã. Ele seria um dos envolvidos na morte do policial civil Wescley Vasconcelos, crime ocorrido em 2018, supostamente a mando de Minotauro.

Ação policial

Dias após o início da nova guerra do PCC, a Polícia Federal desencadeou a Operação Pêndulo, em que foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Ponta Porã. Ao todo foram três mandados que miravam em imóveis de pessoas ligadas ao narcotráfico e à disputa pelo comando da fronteira.

Foram 30 agentes federais atuando na ação, com objetivo de mapear e combater as organizações criminosas atuantes na área de fronteira entre Brasil e Paraguai.

Festas em Campo Grande

Apontado como novo líder do PCC na linha internacional, Ederson Salinas responde a um processo após ter sido preso por equipes policiais de Campo Grande durante ação em Ponta Porã. A prisão ocorreu em janeiro deste ano, mas ele ganhou liberdade provisória mediante cumprimento de medidas cautelares e pagamento de fiança de R$ 80 mil.

Agora, solicitou à Justiça que pudesse passar as festas de fim de ano em Campo Grande, de 20 de dezembro a 7 de janeiro. O pedido foi acatado, esclarecendo que Ederson tem comparecido mensalmente em juízo e cumprido com as medidas. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), mesmo após ter apontado Salinas como líder do PCC e de alta periculosidade, também não se opôs ao pedido.

A defesa do réu afirma que ele nunca exerceu função de chefia de organização criminosa. Tal fato foi apresentado em um expediente da Polícia Federal, logo após a prisão de Ederson. Ele usava nome falso, tendo falsificado documentos em um cartório de Mato Grosso do Sul. No dia da prisão, ele se apresentou como Edson Salinas Barboza.

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