Um professor é suspeito de aliciar garotos para com ‘clientes influentes' de . A denúncia foi oficializada na última quinta-feira (4) e a polícia vai investigar a suposta rede que ‘agenciava estupros' em troca de dinheiro fácil.

As vítimas são na maioria alunos e ex-alunos do professor e alguns supostamente menores de 14 anos de idade. Até o momento, o que se sabe sobre a denúncia é que ele ofereceria aos adolescente R$ 100, R$ 50 por cada ‘programa sexual'.

O que seria, na verdade, encontro dos jovens para serem estuprados por homens campo-grandenses. Caso sejam identificados, eles podem responder pelo crime.

O Jornal Midiamax apurou junto à Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) que foi registrado boletim de ocorrência e aberta uma investigação. “É uma investigação delicada, trabalhosa e que demanda tempo”, explicou a delegada titular Marília de Brito.

A ocorrência foi registrada pelo crime de aliciamento e a vítima chegou a apresentar algumas provas, mas o processo é trabalhoso, segundo ela.

Há informação ainda de que o professor procurou outra delegacia ao saber que teria sido denunciado também nas pelo aliciamento. Quanto a isso, ele alegou que foi caluniado.

No entanto, a reportagem do Midiamax recebeu denúncias de alguns meninos, vítimas do professor, confirmando que haveria verdadeira rede de aliciamento de adolescentes para sexo com clientes influentes, embora nem todos tenham procurado a polícia.

Celulares recolhidos para ‘sexo com clientes influentes'

Segundo os relatos, o professor combinava com os adolescentes e os ‘clientes' para se encontrarem em determinado local. Os celulares eram recolhidos, para evitar que tivessem qualquer contato ou o crime fosse gravado ou fotografado.

Depois disso, o dinheiro era entregue às vítimas, que ainda eram orientadas a não conversarem com os homens, caso os encontrassem na rua, isso, principalmente porque alguns seriam casados.

Entre os ‘clientes' do professor, estariam pessoas conhecidas e influentes na cidade, com posições de destaque e atuação no setor privado e público de Campo Grande.

A polícia ainda deve apurar tais identidades, e eles também podem responder criminalmente, mas isso dependerá de como correrem as investigações. Para isso, é importante que outras vítimas do professor também procurem a delegacia para denunciarem.

Escândalos sexuais já implicaram políticos e empresários em Campo Grande

Não é a primeira vez que homens em cargos públicos e posições de destaque se envolvem em denúncias sobre escândalos sexuais em Campo Grande. Um dos casos mais recentes, envolvia o então vereador e o ex-deputado estadual Sergio Assis, que foram indiciados. Alceu Bueno renunciou prometendo provar inocência, mas foi assassinado antes.

A polícia na época chegou a levantar informação de que o então vereador Alceu Bueno teria pago R$ 500 para manter relações sexuais com duas adolescentes. Já o ex-deputado Sérgio Assis teria desembolsado R$ 100 para sair uma das jovens.

A peça chave das investigações era Fabiano Otero, que foi preso apontado como o responsável por coordenar a rede de exploração sexual e ainda tentar extorquir os políticos por causa dos crimes cometidos. Na época, Robson Martins e o empresário Luciano Paguei também foram presos por envolvimento no caso.

As adolescentes vítimas da exploração chegaram a filmar alguns encontros com câmeras escondidas e as cópias das gravações foram entregues ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Os cinco envolvidos no esquema foram condenados no final de 2015 a penas que, somadas, chegavam a 57 anos de reclusão.

#ExposedCG rendeu poucas denúncias ‘de verdade'

A delegada Marília também relatou ao Midiamax que foram poucas as vítimas que procuraram a Depca após exporem as histórias de assédio e estupro no Twitter, através da hashtag Exposedcg.

Ela ressaltou a importância da denúncia, seja na Depca em crimes contra crianças ou adolescentes ou na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

O crime de aliciamento está previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), no artigo 241. A pena é de 1 a 3 anos de reclusão e multa.