Processo Administrativo Disciplinar instaurado pela (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social), de , aponta que houve irregularidades no procedimento adotado pelos guardas civis metropolitanos Valdecir Lima Soares e Robson Ferreira e Silva, envolvidos na ação desastrosa que terminou com lançamento de spray de pimenta contra trabalhadoras no Terminal Morenão

Conforme documento assinado pelo secretário Valério Azambuja, o guarda Leilson Allan de Souza, que também estava no local, mas apenas como motorista da viatura, teve seu processo arquivado. No despacho do titular da Sesdes, também foi revogada a medida que suspendeu o porte de arma dos três servidores. Foi determinado o retorno deles às atividades e, no caso de Valdecir e Robson, ambos foram formalmente advertidos pelo erro e terão que ser submetidos à reciclagem.

Consta no relatório que os guardas integram o GPI (Grupo de Pronta Intervenção) da corporação, criado para auxiliar as demais instituições de segurança pública na manutenção da ordem. “Deste modo, a contenção de distúrbio popular realizada pela VT-50 GPI, apresentou falhas de ordem tática que culminaram numa exposição de alto risco à segurança de dezenas de pessoas que se encontravam no interior do Terminal Rodoviário Morenão”, lê-se nos autos.

Na ocasião, dezenas de mulheres fecharam as vias do terminal em protesto contra a escassez de ônibus em circulação. Os fatos ocorreram no feriado do dia 15 de novembro do ano passado. Após acionamento, os guardas chegaram ao local, ocasião em que Valdecir e Robson tentaram dispersar as trabalhadoras que lá estavam, mas acabaram entrando em conflito com as mesmas, sem sequer terem solicitado apoio.

“Ao darem início, sozinhos, na execução de intervenção junto aos manifestantes, a guarnição se colocou em uma posição de grande desvantagem perante os manifestantes, onde, conforme dos autos consta, foram cercados e ameaçados pelos manifestantes, que estavam em número muito superior, causando risco à integridade física de dezenas de pessoas. Diante do quadro fático, a guarnição foi obrigada a usar a força e meios intimidatórios para controlar o distúrbio que fugia de controle”, afirma o relatório.

Ao Midiamax, na ocasião dos fatos, as mulheres reclamaram da truculência dos guardas.  “Não conversaram com quem estava lá, chegaram apontando a arma na nossa cara. Não tiveram respeito nenhum com quem saiu cedo de casa e só estava tentando chegar no trabalho”, disse uma das mulheres, que quase foi atingida por spray de pimenta nos olhos. Além do spray, os servidores intimidaram o grupo com armas de grosso calibre, assustando quem por lá passava. Diante dos fatos, o secretário despachou pela advertência e reciclagem de dois dos guardas.