Angústia de não ter notícias, de não saber o que de fato aconteceu, se o ente querido está bem ou se algo mais grave aconteceu atormentam quem vive em busca de qualquer informação que pode colocar um fim a saga de procurar os desaparecidos. Em Campo Grande, desde o começo do ano já foram registrados 243 boletins de ocorrência de desaparecimento.

Segundo o delegado Carlos Delano, titular da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) dos casos registrados como desaparecidos, 230 já foram encontrados e apenas 13 ainda estão em andamento, ‘gravitando’ como disse Delano. O delegado ainda disse que alguns casos que a especializada estava investigando como desaparecimento acabou virando homicídio.

Casos como do serial killer, Cleber de Souza Carvalho. “Tinha três desaparecidos que investigava há muito tempo e com a descoberta das mortes pelo Cleber acabamos descobrindo, que na realidade tinham sido assassinados por ele”, disse Delano. O pedreiro foi indiciado por sete homicídios e está preso. Ele ainda deve passar por exame de insanidade pedido pela defesa, no dia 19 de agosto.

Outro caso citado por Delano, que inicialmente era investigado como desaparecimento, e acabou virando caso de homicídio foi do funileiro Admilson Estácio, de 44 anos, que acabou assassinado com um golpe de barra de ferro após descobrir o furto de R$ 1,6 mil pelos dois funcionários que trabalhavam com ele. A família chegou a fazer boletim de ocorrência pelo desaparecimento e até uma manifestação em frente à delegacia para tentar informações do funileiro.

Um caso de desaparecido que ainda está em aberto e continua sendo investigado pela polícia é de uma mulher, que em 2019 fez o acerto em seu local de trabalho, e no caminho para o sindicato na rescisão contratual desapareceu e nunca mais foi vista.

Muitos casos são resolvidos de forma rápida, afinal, em sua maioria os ‘desaparecidos’ acabam sendo encontrados algumas horas depois, “Mesmo depois que a pessoa aparece é necessário que a polícia seja informada para que o caso seja encerrado”, disse o delegado, que explicou o que muitas pessoas ainda têm dúvida, o tempo de desaparecimento para se registrar a ocorrência.

“Não existe este tempo mínimo para que a pessoa faça o BO, que pode ser feito até pela delegacia virtual em tempos de pandemia, ou qualquer outra delegacia”, falou Delano. O máximo de informações devem ser repassadas a polícia, como roupa que estava usando, modelo do carro se estava com algum veículo, como também ações costumeiras ou problemas que talvez o desaparecido estivesse enfrentando.

A reportagem pediu para a Sejusp (Secretaria de Estado e Justiça e Segurança Pública) dados de desparecidos em Mato Grosso do Sul, mas até o fechamento da matéria não obtivemos resposta.