O mundo criado e fantasiado para vender a ideia do luxo, da vida fácil sem problemas foi o que encantou Franciane Valdez de Assis de 29 anos, mãe solteira aos 15 anos. Sem ter como sustentar a filha, viu na falsa oportunidade do tráfico a esperança de mudar de vida.

Franciane, hoje mãe de seis, conta que conheceu o mundo das drogas muito cedo apresentado por um amigo. De lá para cá, virou traficante e três cadeias, sendo esta onde cumpre

Narcoilusão: apaixonada, ela foi de mãe solteira a traficante ‘por confiar no amor'
Franciane foi casada com um traficante e por ser muito apaixonada tentou ajudar e participar das operações do marido. (Foto Marcos Ermínio/Midiamax)

17 anos de prisão, já teria pegado. A mulher de aparência sofrida e semblante triste contou que por oito anos se viu ainda mais envolvida no submundo das drogas.

O imaginário do amor romântico, que acaba exigindo destas mulheres o transporte de drogas como ato de fidelidade aos seus companheiros levou Franciane a prisão, e claro, ao abandono por parte de seu marido – traficante- de quem nunca mais teve notícias, “Nem quero saber mais onde ele está”. Com o homem, ela teve um casal de gêmeos.

Com lágrimas nos olhos, Franciane lembra dos filhos e lamenta ter perdido a infância e boa parte da vida das crianças por que estava encarcerada. “Cortei eles de virem me visitar, aqui não é ambiente para eles”, fala chorando.

Narcoilusão: apaixonada, ela foi de mãe solteira a traficante ‘por confiar no amor'
O mundo criado e fantasiado para vender a ideia do luxo, da vida fácil sem problemas foi o que encantou Franciane Valdez de Assis de 29 anos. (Foto Marcos Ermínio/Midiamax)

Em uma das vezes em que foi presa, em Corumbá, ela fugiu voltando para , onde ficou oito meses na rua voltando a traficar. “Eu não pensava, o dinheiro vinha muito fácil, e eu podia comprar tudo que queria”, conta. O lucro que Franciane tinha chegava a R$ 1.200 por dia, “Você trabalha um mês para ganhar um salário, e eu ganhava muito mais”.

As penas brandas e a facilidade em sair da prisão depois de ‘cair' com drogas, fez com Franciane não pensasse nas consequências, “Ficou muito fácil”, contou. Só depois de ‘cair' pela terceira vez é que ela pensou no amor bandido que a tinha colocado atrás das grades, “Homem nenhum merece o que eu estou passando”, disse arrependida.

Após a condenação de 17 anos por tráfico só podendo ganhar o regime semiaberto depois de cumprir pelo menos seis anos, Franciane fala que nunca mais quer voltar para a cadeia. “Isso não é vida para ninguém. Está é minha última cadeia”, afirma.

“Agora quero sair e cuidar dos meus filhos, viver uma nova vida por que aqui não é vida para ninguém”, termina.

Dados do Mapa Carcerário da Agepen são de que no Estado 67% das mulheres cumprindo pena em presídios é pelo crime de tráfico de drogas. Um percentual de quase o dobro em relação aos homens, que somam 38,1%.

No Presídio Feminino Irmã Irma Zorzi, são 324 internas sendo que 238 cumprem pena pelo crime de tráfico de drogas, e em sua maioria, 90% foram atraídas para o crime por companheiros.Narcoilusão: apaixonada, ela foi de mãe solteira a traficante ‘por confiar no amor'