A trama de sequestro arquitetada pela ‘Ke do PCC’ contra a madrasta seria para se vingar do pai, que havia constituído nova família após a separação da mãe da autora. Kelly que foi presa nesta segunda-feira (28), em um salão na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande.

Segundo informações passadas, após a separação dos pais, ‘Ke do PCC’ passou a fazer ameaças ao pai afirmando que “o que é seu está guardado”. Durante o sequestro da madrasta de 44 anos, ela foi ameaçada todo o tempo sendo que em uma das ameaças teriam dito a ela, “Hoje é seu último dia, você vai morrer”.

Mas, segundo relatos do pai a polícia, ele não conviveu com a filha de 28 anos ou a irmã dela, suspeita de auxiliar no crime, mas que não foi presa. Ele afirma que após a morte de Rogério da Silva Justino, 35 anos, em confronto com o Batalhão de Choque durante a apreensão de uma carga de cigarros, ele passou a ser ameaçado.

Sobre o carregamento de cigarros que foi apreendido, no dia 10 de outubro, quando passava pelo Distrito de Anhanduí, foi confirmado que seria da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), a qual ‘Ke do PCC’ faz parte, mas não há a confirmação de que ela teria envolvimento com o carregamento.

O sequestro

A madrasta teria sido sequestrada com ajuda de outras pessoas, sendo colocada dentro de uma camionete Hilux. Ela foi ameaçada de morte várias vezes, teve braços e pernas arranhados e a autora ainda colocou uma arma de fogo na boca da vítima. A suspeita ainda teria afirmado que voltaria à noite para matar a mulher e, enquanto a torturava, ligou para o marido da vítima, pai dela, dizendo para ele sair da cidade.

A vítima contou aos militares que quando os autores saíram do local, ela conseguiu pegar o celular com os pés e ligar para a última chamada, avisando o marido sobre o sequestro. Ele acionou Polícia Militar e equipe da Guarda Civil Metropolitana também atendeu a ocorrência. As equipes então conseguiram localizar e soltar a vítima.

Após o resgate da vítima e identificação da autora, os guardas municipais de Campo Grande fizeram a prisão da mulher de 28 anos, que foi encontrada no local de trabalho. Ela é manicure em um salão de beleza na Avenida Afonso Pena, no Centro da cidade.

PCC

Decapitações, emboscadas, esquartejamentos, métodos que são usados pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), na disputa de território pela expansão do controle do tráfico de drogas e armas, mas que também são usados para dar exemplos de ‘irmãos’ X9, fora a disputa por ciúmes entre os próprios membros na tentativa de cada vez mais ocupar cargos mais elevados dentro da facção.

Em documento de investigação feita pelo Gaeco, os próprios ‘irmãos’ da facção acabam se desentendendo em uma disputa clara pela região que gerenciam na venda de drogas. Em um dos trechos do documento é relatado a briga entre dois faccionados, no bairro Guanandi, em Campo Grande. Onde o membro conhecido por ‘Juninho’ entra em um ‘choque de ideias’ com outro membro identificado como ‘Bolinha’, e faz disparos contra ele no meio da rua. Todo o incidente é relatado ao chefe maior ‘Malboro’.

Ciúmes

Em outro trecho do documento, a briga entre duas meninas acaba chegando a ‘chefia’, e uma delas pede para que essa ‘fita’ seja cobrada e ainda diz que tinha saído da cadeia a 7 meses e que já tinha roubado a delegacia de Nova Andradina.

Muitas destas disputas territoriais entre os próprios ‘irmãos’ da facção acabam em julgamento do tribunal do crime, com decapitações ou assassinatos a facadas. No dia 8 de setembro deste ano, a ‘Viúva Negra’ foi presa no interior paulista depois da morte de Erica Rodrigues Ribeiro, 29 anos, assassinada com mais de 40 facadas, em Três Lagoas, por vingança.

Em Ribas do Rio Pardo, por exemplo, a Polícia salvou uma garota de ser executada por uma ‘irmã de facção’ que estava de olho no cargo dela dentro do PCC. A integrante da facção chegou a revelar que mataria a colega degolada, arrancaria o coração dela e comeria. Tudo para ter o posto da rival.

X9

‘Irmãos’ considerados X9 pela facção também acabam passando pelo tribunal do crime para servirem de exemplo para os outros faccionados. Em janeiro deste ano, uma grávida de 13 anos foi resgatada por policiais do julgamento feito pelo PCC, em Sidrolândia, depois de ser acusada de traidora. Ela foi encontrada em uma casa abandonada com vários hematomas pelo corpo e as roupas rasgadas.

Denúncia Gaeco

Foram denunciados um total de 48 pessoas ocupando posto de liderança dentro da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), em Mato Grosso do Sul pelo crime de organização criminosa, na Operação Yin Yang.