Fernanda Aparecida da Silva Sylvério, 28 anos, vai a júri popular, acusada de matar o ex-superintendente da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), Daniel Nantes Abuchain. A decisão foi publicada nesta sexta-feira (7) pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.

A cafetina será julgada pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima, no próximo dia 9 de agosto.

Para a acusação, Fernanda agiu por motivo torpe, para se vingar da vítima que teria assediado a convivente dela e também porque Daniel teria assediado outras ex-namoradas da cafetina. Ainda conforme a acusação, ela usou de dissimulação, pois teria convidado a vítima para fazer sexo e, de posse de uma faca escondida, desferiu os golpes.

Fernanda foi presa preventivamente no dia 20 de novembro. Durante a instrução do processo, foram arroladas 13 testemunhas. Ao ser interrogada em juízo, ela negou as acusações, imputando o crime a uma terceira pessoa que teria obrigado ela atrair a vítima para o motel.

A defesa reforçou a tese de que ela foi coagida por uma pessoa negra e alta. Relata também que, pela forma como aconteceu a morte, não teria como se ter apenas um autor. Destacou que a acusada é amiga da vítima e não tinha motivos para matá-la.

Na decisão, o juiz observou que nas três oportunidades em que foi ouvida, duas vezes na delegacia e uma em juízo, Fernanda apresentou versões diferentes, sendo que no primeiro interrogatório confessou e nos demais negou. Ela responde ao processo presa preventivamente.

Entenda

O crime aconteceu em Campo Grande, no dia 18 de novembro de 2018. Conforme relatos de funcionários do motel, localizado no bairro Noroeste, em Campo Grande, Fernanda chegou ao local conduzindo o veículo Pajero, acompanhada por Daniel, no banco do passageiro. “Ela estava nervosa e ele parecia estar tranquilo”, informaram.

A mulher seguiu para o quarto, mas demorou menos de 30 minutos para pedir a conta. Ao ver que Fernanda saiu, a recepcionista afirmou que ligou para a camareira e questionou se estava tudo bem, já que não viu Daniel no banco do passageiro. A camareira relatou que o quarto estava cheirando sangue e que Fernanda pagou com três notas de R$ 50 com algumas manchas de sangue.

O corpo de Daniel foi localizado em meio a um matagal próximo a Uniderp Agrárias, enrolado em uma toalha, com a pele muito branca e pés enrugados. O carro foi localizado em Bonito e Fernanda foi presa no dia 20 de novembro após ser expedido mandado de prisão contra ela.

A Polícia Civil trabalhou com apoio de imagens de câmeras de segurança, em momentos que mostram Fernanda na casa de Daniel e depois os dois saindo na Pajero, sentido ao motel, onde aconteceu o crime. Também foram localizadas mensagens trocadas por eles via WhatsApp.

A polícia afirma que Fernanda entra em contradição muitas vezes em relação ao crime. Primeiro, afirmando que matou ele sozinha no carro por ser assediada por Daniel várias vezes. Depois, a mulher diz que estava sendo ameaçada por um homem e foi forçada a cometer o crime. Na época dos fatos, a polícia informou que Fernanda não teria força suficiente para matar Daniel, que pesava 80 quilos e carregá-lo até o porta-malas, cogitando a possibilidade de um comparsa.