Durante audiência réu tentou desqualificar a vítima

Roberson Batista da Silva, de 33 anos, vai a júri popular e responderá na Justiça por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e feminicídio. A decisão do juiz Carlos Alberto Garcete De Almeida, da 1ª Vara/Ofício do Tribunal do Júri, foi divulgada na tarde desta segunda-feira (16) logo após depoimento do acusado.

O magistrado retirou uma qualificadora – de impossibilitar a defesa da vítima-, pois o Ministério Público não apresentou provas necessárias para a acusação. Na condução do processo, tanto o MP quanto a defesa tem cinco dias para se manifestar sobre a decisão.

Com um discurso frio e misógino, o acusado prestou depoimento no processo em que é acusado de assassinar a tesouradas a namorada, Mayara Fontoura Hosback, de 18 anos, morta em 16 de setembro de 2017. Ele tentou desqualificar a vítima, dizendo que ela era “interesseira”. Em seu depoimento, ele demonstrou sentir desprezo pela vítima e não apresentou remorso pelo crime. Contou o crime em detalhes e não mostrou arrependimento ao narrar como matou a namorada.

A mãe e o irmão de Robinho também prestaram depoimentos, como testemunhas de defesa.

Ataques à imprensa

Durante depoimento, o acusado se dirigiu aos jornalistas de forma desrespeitosa, culpando a categoria por não apresentar a verdade dos fatos. Em um determinado momento ele chegou a pedir para o juiz retirar os jornalistas da sala.
O magistrado negou seu pedido, alegando que a audiência era pública e que se ele quisesse contestar alguma informação divulgada pela imprensa, deveria processar os veículos de comunicação.

O acusado disse que dava dinheiro para a vítima para que ela tivesse uma vida boa e a acusou de manter relações com outro homem. No depoimento, ele falou que trabalhava com dinheiro a juros informalmente, viveu um ano e meio no Japão, onde ele conseguiu economizar.

Ele contou que conheceu Mayara em julho de 2015, quando estava foragido do regime semiaberto. Na ocasião, ele ficava com  uma garota de programa que era amiga de Mayara. Pouco tempo depois, os dois estavam juntos. Ele disse que ela estava separando do ex-namorado  e que os dois viveram um relacionamento intenso: em cinco dias juntos, fizeram uma tatuagem com o nome do outro. Poucos dias depois os dois passaram a morar juntos e ele deu uma moto para Mayara.

Em outubro de 2015 ele foi preso depois de ser parado em uma blitz. Ainda assim, os dois continuaram namorando. Foi nesse período em que estava preso que ele passou a desconfiar da namorada. Ele controlava os seus passos pelo rastreador do iPhone, ligava para o porteiro para confirmar se ela estava realmente em casa. Foi assim que descobriu que Mayara ainda estava se prostituindo.

No dia em que saiu da prisão, ele pediu um celular emprestado e ligou para ela, pedindo para buscá-lo. Como ela estava ocupada, pediu um Uber e falou para ele ir para casa do irmão dela, no Bairro universitário.
Ele narra que na noite do crime, os dois beberam e usaram cocaína. Disse que ela tentava esconder o celular dele o tempo todo. Já na casa do casal, Robinho viu Mayara mexendo no celular e a questionou sobre com quem ela estava falando. Os dois acabaram discutindo e no auge da discussão ela disse que iria abandoná-lo. Descontrolado com ofensas que ela teria dito após a crise de ciúme, Robinho contou que a atacou. Segundo ele, ela estava com uma tesoura na mão. Foi então que ele a derrubou ela na cama. “Na hora fiquei cego, peguei a tesoura e passei no pescoço dela mesmo”, relatou. Ele nega que tenha segurado as mãos dela. “Não dificultei nada para ela”. “Minha intenção não era matar ela”, disse.