Em uma noite, cerca de 80% dos presos por roubos eram de beneficiados

Um assunto que se torna polêmico todas as vezes que é debatido, volta à tona neste começo do ano. Trata-se da saída temporária, que concede liberdade aos detentos de bom comportamento para que possam passar as festas de Natal e Ano Novo junto aos seus familiares. Em Mato Grosso do Sul, cerca de 1,5 mil internos receberam o benefício entre final de 2017 e início de 2018. 

No entanto, a maioria volta a praticar roubos e acaba detida. Segundo policiais que ficaram de plantão em delegacias de Campo Grande, nestas duas datas específicas, está contabilizado apenas o número de presos em flagrante, mas é de conhecimento deles que muitos outros também voltam a praticar crimes e continuam em liberdade.

Embora não haja uma estatística oficial, é grande o número de reincidentes. A reportagem apurou, junto a fontes da Segurança Pública, que servidores de plantão em uma delegacia da Capital relataram que de cada 10 presos levados à unidade só na noite da virada do ano, 8 gozavam do benefício da saída temporária.

Para o delegado Cleverson Alves dos Santos, da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Piratininga, a situação já era previsível. “O pessoal é liberado dos presídios para visitar os familiares neste período de festas, mas nem todos fazem isto. Como deixam as cadeias sem dinheiro, a única opção que têm é praticar pequenos roubos. Por isto que é grande o número de prisões destas pessoas que contam com o benefício”, afirmou o delegado.

Vale ressaltar que mesmo presos em flagrante cometendo novos delitos,  continuam aptos a receber novo benefício nas próximas datas festivas, caso se enquadrem nos parâmetros estabelecidos pela Justiça.