Defensora diz que falta interesse para combater problema 

Cerca de 90% dos inquéritos abertos nas delegacias de Campo Grande envolvem violência contra as mulheres. O dado foi citado pela coordenadora do Nudem (Núcleo Institucional De Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher), Emimeyre Silara, durante seminário na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (9). Com isso, os abusos contra a mulher configuram o maior problema de segurança pública da Capital.

Apesar do dado alarmante, a defensora afirma que apenas duas varas criminais processam esses inquéritos, o que para ela, evidencia que o problema nem sempre recebe a merecida atenção.“Os dados assustam e infelizmente o problema não é enfrentado como deveria. Falta interesse em combater essa violência e ainda temos por  trás disso um grande problema que é o machismo que ainda está arraigado na sociedade”,

Para Emimeyre, a ideia de que a violência doméstica é assunto para ser resolvido dentro de casa, aliada a insegurança das mulheres, tornam-se agravantes da situação. “É preciso discutir isso com a sociedade, levar para as escolas. Já a mulher que sofre abuso precisa denunciar, perder o medo. Se a mulher sair de casa ela não vai perder a guarda dos filhos ou o direito na divisão dos bens. Não existe essa ideia de abandono de lar que muitas vezes se cria”, explica.

As declarações da defensora foram dadas no primeiro dia do seminário ‘Nossa luta é todo dia, nenhum direito a menos’, que nesta quinta-feira (9) e na sexta-feira (10) acontece na Assembleia Legislativa.

No encontro, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) afirmou que  que a principal causa da violência contra a mulher é a cultura machista, ainda muito forte em todos os setores da sociedade. Para ele, índices ainda tão alarmantes demonstram que ainda investe-se muito mais nas consequências que nas causas.

“Não basta apenas criar delegacias, promotorias, atendimentos especializados de saúde pós-agressão, é preciso atingir a causa do problema, ir nas escolas, apresentar debates, palestras e investir em projetos de prevenção”, relata.

Na semana da mulher, o petista apresentou na Assembleia projeto de lei que prevê a instalação de projeto permanente de combate ao machismo nas escolas de Mato Grosso do Sul. A proposta será analisada pelos deputados.

O seminário ‘Nossa luta é todo dia, nenhum direito a menos’ continua nesta sexta-feira, das 8h às 12h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa. No evento serão debatidos problemas e apresentadas propostas para combater o fim da violência contra as mulheres.