Sessão plenária ocorre no próximo dia 29 de março

Gabriela Antunes Santos e a amiga Emilly Karolainy Leite, presas temporariamente pelo assassinato da manicure Jeniffer Nayara Guilhermete de Moraes, de 22 anos, serão julgadas por homicídio qualificado, no próximo dia 29 de março, no Tribunal do Júri, de Campo Grande. O crime ocorreu em janeiro de 2016, na cachoeira Ceuzinho, na MS-040.

Conforme o processo, a designação para a sessão plenária ocorreu último dia 15 de fevereiro e a solicitação de escolta para Emily e Gabriela foi registrada, no último dia 6 de março.

O julgamento das autoras pelos crimes de homicídio doloso qualificado, corrupção de menores e posse de munições, será conduzido pelo juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos. 

Desqualificação da vítima e estratégia para fugir do Júri

Durante a segunda audiência sobre o assassinato da manicure Jennyfer, que ocorreu no dia 6 de junho de 2016, as duas indiciadas pelo crime adotaram a estratégia de desqualificar a reputação da vítima, alegando que ela ‘procurou’ a própria morte ao se envolver com um homem casado. Em depoimento Gabriela Antunes Santos e a amiga Emilly Karolainy Leite alegaram que a intenção era, de apenas, raspar a cabeça da jovem: “É o que o povo faz com talarico, raspa a cabeça”.

No início do mês de julho de 2016, na fase de alegações finais do processo, a defesa de Gabriela, a advogada Estella Bauermeister, chegou a usar o laudo da morte de Jeniffer ocasionada por uma fratura na coluna cervical, para defender a inocência de Gabriela. A advogada destacou que segundo comprovado o que causou a morte de Jeniffer teria sido a queda e não os dois tiros que atingiram o maxilar e o abdômen da manicure. 

O Crime

A manicure Jeniffer Nayara foi encontrada morta com dois tiros na cachoeira do córrego Céuzinho, na MS-040 em Campo Grande, no fim da tarde do dia 16 de janeiro de 2016. Segundo a mãe, ela estava desaparecida desde o da anterior, 15, quando saiu para fazer as unhas de uma cliente e resolver um desentendimento.

Em depoimento, Gabriela contou que conhecia a vítima desde criança e que namorava Alisson Patrick Vieira da Rocha, de 22 anos, desde os 14 anos. Em novembro de 2015, olhando o celular do marido, a jovem diz ter visto que ele e a vítima estavam trocando mensagens e assim descobriu a traição.

Ela contou que, em certa ocasião, uma amiga chegou ao trailer de lanche dela e gritou que Alisson havia chamado a vítima para ir a um motel. Na data, o casal discutiu e decidiram fazer uma viagem para a praia, com o dinheiro que  Gabriela teria ganhado em uma indenização por perder um filho em um acidente de trânsito, para resolver o casamento.

Foi na volta das férias, em janeiro de 2016, que as discussões que levaram à morte de Jennyfer começaram. No dia 14 de janeiro, Gabriela afirmou que postou em sua página do Facebook que estava cansada de amizades falsas. No dia seguinte, a manicure foi falar com ela, pedindo para que parasse de difamá-la.

As duas discutiram e a vítima alegou que elas precisavam conversar. Na tarde do dia 16, dia do homicídio, Gabriela relatou que passou no lava-jato do marido e pegou o Chevrolet Sonic de um cliente para ir até a academia, mas no caminho mudou de idéia e junto com a prima, uma adolescente de 17 anos, foi até a casa da Emilly para buscar uma máquina de cortar cabelo.

Segundo a jovem, foi aí que a amiga descobriu o caso e se propôs a ajudar na vingança, que seria raspar a cabeça da manicure. As duas suspeitas já haviam feito a mesma coisa com outra jovem, que também se envolveu com o marido da Gabriela.

O trio então foi até a casa onde Jennyfer trabalhava. “Assim que chegamos, ela veio até o carro se debruçou na janela e perguntou aonde iríamos conversar”, lembrou Gabriela. As duas ainda chegaram a ligar para uma amiga em comum na tentativa de conversar na casa dela, mas a jovem não quis se envolver e o grupo decidiu ir até o Inferninho.

Para o juiz, Gabriela relatou que no local as quatro desceram do carro e andaram até a beira do precipício. Com a máquina de cortar cabelo na mão, a suspeita pediu explicação e disse: “Vou raspar sua cabeça, para você nunca mais ficar com o marido dos outros”.

Nas palavras de Emily, que afirmou perante do juiz ter ficado ao lado da amiga, Jennyfer riu e ameaçou a desafeto. “Você vai raspar minha cabeça? Cabelo cresce, mas você tá cavando sua cova”, falou a vítima se referindo ao marido, que conforme a jovem, se vingaria caso algo acontecesse à mulher.

Foi neste momento que Gabriela foi até o carro, pegou um revólver calibre 38 e ameaçou a vítima. Segundo Emily, a amiga deu dois tiros de advertência, pedindo para que a manicure se desculpasse, mas em vez disso ouviu a confirmação da traição e ainda provocações. “A Gabriela deu um tiro pro lado, a Jennyfer riu e falou ‘corna mãe, corna filha’. Então a Gabriela deu um tiro na cabeça dela”, descreveu Emily.

Depois do crime, as envolvidas afirmaram que a autora soltou a arma e correu para o carro, sem ver o que aconteceu com o corpo da manicure. Antes de sair do local, o trio ficou cerca de meia hora dentro do carro esperando a Gabriela se acalmar.

Durante todo o depoimento, a autora chorou e se mostrou arrependida. Ela ainda contou que não está mais com Alisson, mas que só cometeu o crime por amar demais o homem. “Ele foi meu primeiro homem, conheci em um dia, casei em outro”.

O revólver usado no crime, segundo a jovem, foi comprado pelo marido em outubro de 2015. O motivo, segundo ela, foi ameaças da família da travesti Adriana Penosa, cujo nome de batismo é Thiago da Silva Martins, assassinada por Alisson no dia 22 de março do ano passado.

O casal guardava a arma dentro do colchão usado por eles e Gabriela ainda alegou que só pegou o revólver porque se sentia ameaçada.