Assassino diz que tem medo de morrer 

Foragido da Justiça desde o dia 16 de setembro, o responsável pelo feminicídio de Mayara Fontoura Hosback, de 18 anos, afirma que tem medo de morrer caso se apresente à Justiça, já que segundo ele, homens com quem a vítima se relacionava, entre eles policiais civis e militares, estariam o perseguindo.

“Não é só a polícia que está atrás de mim, os amantes dela também. Ela fazia programa e por isso era envolvida com gente perigosa, desde policiais até bandidos”, afirma.

Embora diga que deseja se apresentar e responder pelo crime, o ex-companheiro da vítima afirma que tem medo. Segundo ele, Mayara era profissional do sexo e se relacionava com homens, inclusive da polícia, que agora o ameaçam.

O crime segundo o autor

O autor afirma que Mayara seria profissional do sexo e se recusava a para de fazer programas. No dia do crime, o casal teria se desentendido após suposto cliente ter falado com a vítima no celular. “Ela não quis mostrar o que era, apagou a mensagem, mas eu sabia do que era cliente. Eu disse que ela não precisava disso, mas ela achou ruim, falou que não iria parar e começou a me xingar”, afirma.

Após a discussão, o autor relata que Mayara teria o atacado com uma tesoura e, para se defender, ele teria tomado o objeto de suas mãos, revidando o ataque. Para ele, o crime foi motivado por legítima defesa. “Ela me deu uma cabeçada, disse que iria me matar. Se eu não tomasse a tesoura, ela iria me matar, estava decidida”, conta.

Para reforçar a tese de legítima defesa, o autor mostrou imagens de ferimentos nas mãos, que de acordo com ele, teriam sido provocados pela vítima. “Eu estava em desvantagem, não teria como reagir de outra maneira”, disse.

A informação dada pela polícia é a de que a vítima teria sido morta com três golpes de tesoura, o que em tese poderia contestar alegação de que o crime teria sido cometido para se defender, porém, o assassino contraria o fato. “Estava escuro, mas sei que encostei a tesoura no pescoço dela e passei de um lado para o outro, não tirei e coloquei não”, explica.

“Prisão injusta” vs “Julgamento social”

Para o Jornal Midiamax, o autor disse ainda que considera injusto pedido de prisão preventiva decretado contra ele e que é alvo de julgamento social, o que afasta ainda mais a possibilidade de se apresentar à Justiça.

“A delegada decretou minha prisão sem antes me ouvir, saber da minha versão do que aconteceu no dia. O que estão fazendo é uma injustiça comigo, estão me julgando por eu ser ex-presidiário e ter outras passagens pela polícia, mas eu já paguei tudo, não devo mais nada. Queria me apresentar e responder pelo o que fiz, mas se estão me julgando antes de eu ser preso, imagina depois”, finaliza.

Crime

Mayara Fontoura de 18 anos foi assassinada na madrugada deste do dia 16 de setembro na casa onde morava no Bairro Universitário, em .O suspeito teria invadido a casa da jovem para matá-la, durante a madrugada.

A jovem foi encontrada deitada na cama, enrolada apenas a um edredom, já sem vida. Vestígios de sangue foram encontrados pela polícia no quarto e o banheiro da casa e a arma do crime, uma tesoura, foi deixada pelo autor ao lado do corpo.Suspeito de matar ex a tesouradas diz que não se apresenta 'por medo'

Mayara vivia com o autor do crime desde 2015. Com mais de dez passagens envolvendo apenas casos de violência doméstica, o suspeito acabou preso em abril deste ano em cumprimento a dois mandados de prisão, uma tentativa de homicídio e uma lesão corporal, ambos os crimes contra a ex-mulher.

O homem foi condenado pela lesão corporal a três meses de reclusão, em regime aberto e a três anos e sete meses pela tentativa de homicídio. Foi preso e fugiu do sistema prisional de Campo Grande pelo menos três vezes. Ainda assim, recebeu a liberdade provisória do dia 14 de setembro, véspera do assassinato de Mayara, por ter cumprido parte das penas e não ter “registro de falta grave em 2016”.