Essa foi a 2ª audiência do caso

Quase um ano depois de serem flagrados espancando um jovem de 18 anos na saída de uma festa, os acusados pelo crime foram ouvidos pela Justiça nesta quarta-feira (6). Os rapazes concentraram parte do depoimento em dizer ao juiz Carlos Alberto Garcete que se arrependem do que fizeram e que hoje sofrem as consequências de terem espancado um jovem.

Estavam agendadas para esta segunda audiência as oitivas de 21 testemunhas de defesa, mas apenas sete compareceram. Todos os envolvidos na agressão, incluindo Jhonny Celestino Holsback, o dono do carro sujo de urina pela vítima, afirmaram que são pessoas de boa índole, mas que se exaltaram em razão da atitude do jovem.

Após a leitura da denúncia pelo magistrado titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri, os acusados pela agressão Alessandro Ronaldo Mosca Junior, de 21 anos e José Guilherme Weiler, de 22 anos, além de Jhonny, deixaram a sala para que fosse ouvido Eduardo Paula Mendonça Filho, de 23 anos, apontado com o motorista que deu carona a Jhonny em busca da vítima.

Ao juiz, Eduardo confirmou que levou Jhonny até onde a vítima estava, perto da casa de um amigo. Ele nega ter participado das agressões e de todos os envolvidos é o único indiciado por tentativa de homicídio simples, e não qualificado por motivo fútil e incapacidade de defesa da vítima, como no caso dos outros acusados.

Ele reforçou, ainda, que pediu aos jovens que parassem de bater na vítima. Jhonny confirmou, em depoimento, que apenas pediu carona a Eduardo depois de constatar que havia urina nas maçanetas e parabrisa de seu carro.

Ao encontrar a vítima, Jhonny e os outros acusados se juntaram para agredi-lo. O dono do carro disse ao juiz que estava sem camisa no momento das agressões porque tirou a roupa para limpar as mãos, sujas de urina. Ele afirmou que fez “uma total besteira, agi por impulso, meu intuito era perguntar porque que ele tinha feito aquilo”.

Outro ouvido pela Justiça, Alessandro, afirmou que tentou conversar com a vítima, mas que levou um empurrão de alguém e que também fez parte da pancadaria. O engenheiro civil José Guilherme, de 23 anos, flagrado dando último chute no jovem já desacordado, disse que bateu na vítima porque seu carro também ficou sujo de urina.

Consequências

Como estratégia da defesa para tentar diminuir as qualificadoras do crime, os jovens fizeram questão de dizer ao juiz Garcete que a vida após o crime mudou. Jhonny afirmou que precisou interromper o curso superior e agora estuda à distância.

“Sofro ameaças até hoje. Me fecham no trânsito e por compartilhamento de meus dados pessoais na época, recebi recentemente uma ligação de uma delegada de Maringá dizendo que estavam praticando crimes virtuais com meus dados”, disse.

Alessandro afirmou que participou das agressões porque “tinha bebido muita catuaba” e também disse que pediria perdão a família da vítima. “Eu envergonhei toda minha família”.

O caso

As agressões aconteceram depois que os quatro jovens foram avisados que o rapaz de 18 anos havia urinado em dois carros, o de Jhonny e o de José Guilherme. Mesmo ameaçado pelos conhecidos da dupla, a vítima foi embora andando, na companhia de dois amigos, para a casa de um deles.

'Pitboys’ acusados de espancar jovem dizem sofrer consequências

Ele teria começado as agressões com chutes, até a chegada do Jhonny. A vítima foi atingida por socos, chutes, tapas e chegou a ser arrastada pelo asfalto. José Guilherme também participou da briga e agrediu o rapaz quando ele já estava caído.

Só depois disso, Jhonny aplicou um mata-leão na vítima. A cena foi gravada e nas imagens é possível ver a rapaz inconsciente, mas ainda assim, recebendo golpes na cabeça.