Pedido aguarda decisão do Juiz Aluízio Pereira dos Santos

Estar em um restaurante e encontrar o acusado de matar um parente querido, bebendo e ‘infringindo’ as regras estipuladas a ele depois do julgamento do crime. Foi essa cena que parentes do segurança Jeferson Bruno Escobar, o Brunão, morto em 2011, presenciaram na última quinta-feira (22).

Parentes de ‘Brunão’ saíam de um restaurante no Shopping Campo Grande e apenas esperavam a conta quando viram Christiano Luna de Almeida chegando ao local, acompanhado de uma mulher. Mesmo de boné e “andado de cabeça baixa” ele foi reconhecido pela família, que esperou o suspeito pedir uma cerveja para flagrar o momento.

Respondendo pelo crime em liberdade, Christiano tem algumas determinações da justiça para permanecer solto. Entre elas o ‘toque de recolher’ às 22 horas e a proibição de frequentar bares e ingerir bebidas alcoólicas em público. Mas, segundo testemunhas, não é isso que o réu de 29 anos vem fazendo.

Depois que a foto tirada na semana passada foi divulgada, novas denúncias de que o réu é frequentemente visto em festas e bares foram registrados. O flagrante do dia 22 deste mês foi enviado para o MPE-MS (Ministério Público Estadual) e, no dia seguinte, promotor de justiça responsável pelo caso, Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos já entrou com novo pedido de prisão.

De acordo com Santos o pedido de prisão, que está aguardando decisão do Juiz Aluízio Pereira dos Santos, ocorreu depois do recebimento da foto, e explica, ainda, que se o Juiz acolher o pedido do Ministério Público Estadual será expedido ofício ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O documento deverá pedir andamento prioritário ao caso para que o réu seja preso, uma vez que tramita um recurso para que sejam restabelecidas as duas qualificadoras retiradas por recurso pedido pela defesa: motivo fútil e falta de chance de defesa da vítima.

Christiano Luna responde o processo em liberdade, porém, cumpre algumas medidas. Uma delas é de não frequentar bares e nem consumir bebida alcoólica. Em 2011, o advogado de defesa de Cristhiano Luna de Almeida, conseguiu na Justiça suspender o julgamento a fim de que o mesmo seja feito com as qualificadoras incluídas. Desde então, o STJ suspendeu provisoriamente o andamento do processo até que haja decisão daquela corte sobre o caso. 

Para a família de ‘Brunão’ o suspeito só teria dito que estava em seu horário. “Já basta ele estar em liberdade. A gente não vê a justiça acontecendo. É como se ele tivesse rindo na cara da sociedade, como se ele fosse inatingível”, desabafou Mayara Gonçalves, de 29 anos, prima do segurança.

Ainda aprendendo a lidar com toda a dor da perda de ‘Brunão’, o sentimento da família é de impunidade e inconformidade. “Para a família chega a ser constrangedor chegar em um lugar assim e encontrar um assassino”, pontuou.

A defesa de Christiano, feita por José Belga Assis Trad, já havia entrado com um pedido de ‘relaxamento’ das determinações, pedindo autorização para que o cliente possa trabalhar no período noturno, em um restaurante. O juiz então pediu detalhamento de dia e horário em que o serviço será realizado, para assim delimitar a liberdade do suspeito. Ainda não há decisão sobre o pedido.MP pede prisão de assassino de Brunão após família o flagrar bebendo

O crime

Jeferson Bruno Escobar, o Brunão, trabalhava como segurança na casa noturna “Valley Pub”, quando foi espancado e morto por Christiano Luna.

A morte do segurança foi registrada pelo circuito de câmeras da boate. As imagens exibem Christiano, na época acadêmico de direito, sendo retirado do estabelecimento por ter passado a mão nas nádegas de um garçom por duas vezes.

O segurança, conhecido como Brunão, foi quem alertou o rapaz primeiro, dentro da boate. Lá fora, Cristhiano foi dominado pelos seguranças, mas quis ficar no local. Entre um golpe e outro, o rapaz acertou o peito da vítima com um dos pés. Brunão morreu no local, antes do atendimento.

O julgamento do suspeito, no Tribunal do Júri, aconteceria em dezembro de 2012, mas foi adiado no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) e até hoje não foi realizado. Em setembro de 2016, Christiano foi condenado dois anos e seis meses de reclusão em regime semiaberto por agredir um homem de 28 anos em uma festa no Parque de Exposições de Campo Grande.

O crime aconteceu no dia 28 de março e a vítima ficou gravemente ferida. A vítima afirmou que as agressões ocorreram sem motivos. Christiano, que praticava jiu jistu, chegou a assumir durante o julgamento que agrediu a vítima, mas disse que tinha apenas revidado uma agressão sofrida.