Siufi se mostrou indignado com acusações de perita 

Depois da quebra do sigilo telefônico da responsável pela perícia da caminhonete do empresário Adriano do Nascimento Corrêa, assassinado pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, a defesa do réu pediu para que as mensagens de WhatsApp entre ela e um colega de trabalho sejam confrontadas. A conversa comprovaria a ligação do advogado Renê Siufi com um dos peritos e também esclareceria o achado de dois flambadores no veículo.

Na segunda audiência sobre a morte de Adriano, que aconteceu em abril, a perita reforçou que os flambadores só foram encontrados depois que o colega colocou a perícia em prova. Na data, o perito questionou sobre o trajeto de dois dos tiros e foi convidado para ir até a caminhonete. Ao abrirem a porta dianteira do passageiro, eles “visualizaram de forma escancarada” os maçaricos.

Antes disso, foram feitas duas vistorias preliminares e uma mais detalhada, quando até os bancos foram retirados, no dia 2 de janeiro, mas não foram localizados quaisquer vestígios dos objetos dentro do veículo.

Em depoimento, a mulher alegou que o colega sempre teve muitas informações que nem os profissionais que estavam no caso tinham conhecimento e que ele até teria dito que “é amigo pessoal do advogado do acusado”, o Renê Siufi. Ela ainda afirmou que tinha como provar as informações graças as conversas no aplicativo de mensagens.

Se dizendo indignado com a acusação da perita, que deu a entender que a ordem para implantar as provas partiu dele, Renê Siufi enviou o pedido ao juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri no dia 12 de julho. No texto ele pede para que as conversas extraídas da quebra do sigilo telefônico sejam confrontadas com as mensagens do aparelho do perito que supostamente seria seu amigo, através de cópia do conteúdo.Defesa de PRF quer confrontar conversas de WhatsApp dos peritos

“Fato que não causará nenhum problema para o mesmo [perito], pois cuida-se se simples impressão a ser do conteúdo de seu celular”, detalhou a defesa. Siufi ainda pede que a cópia da interpelação feita por ele à perita, em abril desse ano, seja juntada ao processo.

Na data, o advogado chegou a afirmar que analisava processar a profissional por calúnia e difamação e exigia que ela fosse ouvida para prestar explicações sobre as acusações. No documento listou ainda uma série de perguntas que deveriam ser feitas a mulher para esclarecer dúvidas da defesa.

O caso

Ricardo Sun Moon passou de policial a réu na madrugada do dia 31 de dezembri 2016, quando envolveu-se em uma confusão no trânsito, e atirou contra Adriano e as outras duas pessoas que estavam com ele no carro, Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos. O empresário morreu na hora. Moon alegou legítima defesa, versão que não prosperou nem no inquérito da Polícia Civil nem na análise do Ministério Público Estadual.

Uma reconstituição com todos os envolvidos e também testemunhas foi realizado no dia 11 de janeiro de 2017. Na data, Moon estava preso em virtude a um mandado de prisão preventiva, mas no dia 1º de fevereiro, ele ganhou a liberdade.

Duas audiências já foram realizadas e Moon ouvido. Em depoimento ele mantém a versão de que seria atropelado e só por isso atirou no empresário. O policial também afirma que se apresentou como policial e que estava com a ‘vestimenta sereia’, ou seja, metade fardado e metade à paisana, é um procedimento de praxe na corporação.

O caso ainda é marcado pela batalha judicial para decidir qual esfera deve julgar o caso do PRF. O processo chegou a ficar 21 dias suspenso, até o os desembargadores da 3ª Câmara Criminal negarem o pedido de habeas corpus da defesa do policial para transferir a ação do homicídio à Justiça Federal.