Casa onde jovem foi esquartejado revela presença do PCC em bairros da Capital

Moradores aprenderam a conviver com medo 

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Moradores aprenderam a conviver com medo 

“Sempre foi uma boca de fumo”: é assim que moradores da região descrevem o local que na quarta-feira (16) foi palco da morte brutal de Fernando Nascimento dos Santos, de 22 anos. Conhecida como ‘ponto do PCC (Primeiro Comando da Capital) ’, a cada novo ano a residência é controlada por traficantes diferentes e guarda em suas paredes o peso de pelo menos outros dois homicídios.  

A casa da Rua Augusta Rossini Guidi é simples, com parte do muro feito de paletes e o quintal amplo. O proprietário, segundo os moradores, está preso e desde de então a residência passa de mão em mão, sempre usada como ponto de vendas de drogas. Ali todos sabem, o tráfico é controlado pela facção.

A menos de dois meses os assassinos de Fernando se mudaram para o local. No mesmo dia que assumiram a ‘boca de fumo’ os suspeitos avisaram os vizinhos que ali todos eram do PCC e que a segurança da vila estava garantida. “Eles falaram que roubo e estupro não iam ter mais. Que o que a gente precisasse podia contar com eles”, lembrou um morador que preferiu não se identificar. O que, segundo a população, de fato aconteceu.

Os dias na rua já foram mais sombrios antes de Uesley de Oliveira Rodrigues, de 22 anos, conhecido por ‘Mascote’ ou ‘De menor’; Danilo Richeli da Silva Fernandes, de 18 anos, conhecido por ‘Mil Grau’; e Wellington Ferreira de Souza, 24 anos, conhecido como ‘Dedinho’, assumirem o ponto.

Os três sempre são lembrados como “rapazes simpáticos e solícitos”, que chegavam a dar dinheiro para as crianças comprarem lanches. Na casa a movimentação era sempre intensa, mas não atingia os vizinhos. “Compravam e iam embora”, descreveu uma moradora. Em outras épocas as famílias precisavam conviver com usuários consumindo a droga na frente de suas casas e até tiros eram dados durante brigas no local. “Essa é a terceira morte na mesma casa”.Casa onde jovem foi esquartejado revela presença do PCC em bairros da Capital

Sem segurança, os moradores se apegaram a falsa proteção dos bandidos e ao medo de ser uma vítima do grupo caso denunciasse a situação. “Fico pensando que se a gente denunciasse isso não teria acontecido. Mas não temos segurança nenhuma. Já teve gente muito mais perigosa aqui”, contou um morador a reportagem.

O policiamento na região é feito pelo 10º Batalhão de Polícia Militar. No Los Angeles, a poucas ruas de onde o crime aconteceu, uma Base Comunitária de Segurança serve de ponto de apoio aos moradores, mas conta com poucos policiais e nenhuma viatura.

As rondas pelo bairro são feitas pelo Pelotão Aero Rancho, que possui apenas uma viatura para atender uma área que vai do Jardim Pênfigo ao Novo Século, abrangendo Los Angeles, Parque do Sol, Dom Antônio e o próprio Aero Rancho. Conforme apurado pela equipe de reportagem, o problema dos dois pelotões responsável pela segurança da região é a falta de efetivo.

O crimeCasa onde jovem foi esquartejado revela presença do PCC em bairros da Capital

Três suspeitos de terem feito a execução e esquartejamento de Fernando Nascimento dos Santos, de 22 anos, foram presos neste domingo (20). Apresentados numa coletiva de imprensa, os suspeitos afirmaram que Fernando foi morto, apenas, porque era do Comando Vermelho, segunda maior organização criminosa do país.

O crime brutal ganhou os holofotes quando o corpo da vítima foi localizado decapitado e desmembrado em uma estrada vicinal que liga a Rua Engenheiro Paulo Frontim ao Macroanel, no bairro Los Angeles, na quarta-feira.

No dia seguinte, vídeos começaram a circular em comunicadores como o WhatsApp. O primeiro deles trazia a vítima, que seria integrante do CV (Comando Vermelho) ainda viva, pedindo desculpas à facção rival, o PCC (Primeiro Comando da Capital). O segundo, traz Fernando sendo decapitado por um homem encapuzado.

Os presos afirmaram que a execução filmada seria como um prêmio e que garantiria que chegassem ao presídio já com ‘status’ dentro da organização. Em depoimento, eles afirmaram que antes de ser morto, Fernando ficou amarrado por um dia, enquanto Danilo entrava em contato com líderes da facção PCC, na qual ele se diz batizado. O aval para a execução chegou na madrugada de quarta. Depois da divulgação do caso, a residência foi incendiada. 

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