11 anos de ameaças e agressões: foi assim o casamento de recepcionista morta pelo ex

Pâmela Jennifer morreu depois de 32 dias internada

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Pâmela Jennifer morreu depois de 32 dias internada

Vítima da violência, da possessão e do ciúmes do companheiro, Pâmela Jennifer morreu no dia 25 de abril, após levar um tiro na nuca e ficar 32 dias internada na Santa Casa de Campo Grande. Com seis boletins de ocorrência registrados, a mulher de 32 anos pedia socorro e tentava fugir a perseguição do ex, que antes do crime chegou a invadir a casa em que ela morava. Com o inquérito policial concluído no dia 30 de abril, Johnny Teodoro Souza, aguarda preso a manifestação do Ministério Publico Estadual. 

Foram 11 anos de um casamento marcado por agressões e ameaças, que culminaram na manhã do dia 23 de março, quando, mesmo separado da vítima e com uma ordem de restrição para se aproximar dela, Johnny, de 31 anos, foi até o local de trabalho de Pâmela e atirou nela. Em seguida, ele tentou se matar com um tiro no queixo, mas foi socorrido com vida, internado e quando liberado, preso em flagrante.

Desde o início do relacionamento, até o dia da morte de Pâmela, foram seis boletins registrados, em 2009, 2014, 2015, 2016 e dois em 2017.

Em janeiro deste ano, o caso resultou na medida protetiva aconteceu. Durante uma briga, entre ameaças e acusações de traição, Johnny fez as primeiras ameaças: “Isso não vai ficar desse jeito.. Se você acha que a gente vai separar e você vai ficar na melhor, você está muito enganada…. Você não sabe do que sou capaz”.

Nessa data, ele desferiu um soco na cabeça e no rosto da vítima. Nove dias depois, a medida protetiva foi acatada. Para a polícia, depois disso, novas agressões, não registradas, aconteceram, mas foi só em março que Pâmela Jennifer voltou a procurar ajuda da Deam.

Horas antes do crime, a vítima tinha foi a delegacia. Na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), ela narrou que no dia 22 de março, receber mensagens do ex pedindo para reatar. Sem resposta, ele teria ligado para a mãe dela e a amaçado.  Uma ligação feita mesmo depois de a vítima trocar o número do celular, em uma das muitas tentativas de evitar a aproximação do ex-marido.

“Fala para ela tirar a queixa contra mim, senão ela vai ver, você não sabe do que sou capaz, ainda estou me segurando por causa da minha filha”. Essas, segundo a vítima e a mãe dela, foram a ultima vez que Johnny ligou até o momento exato do crime.

A denúncia da última ameaça, antes da morte de Pâmela, foi aceita pelo Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul no dia 19 de abril, com ela já internada. No inquérito policial feito pela Deam, Johnny nega a ligação, afirma que nunca ameaçou ou agrediu a esposa e que “toda vez que brigavam a mulher procurava a delegacia”.

Na versão do suspeito, em todas as vezes que quebrou a medida protetiva a culpa era de Pâmela, que ligava para ele e pedia por dinheiro. Ele chegou a relatar que no dia do crime foi até o trabalho da ex-mulher levar contas de água e luz.

Ao contrário da versão de bom moço, a mãe da vítima descreveu Johnny como ‘ciumento, possessivo’. Contou que o suspeito chegou a fazer uma copia da chave da casa da filha, enquanto o casal tentava vender a propriedade, que era usada por ele para invadir o imóvel, fato que aconteceu mais de uma vez.

Em depoimento, a mulher lembrou que assim que viu o ex da filha no dia do crime pediu para que ele fosse embora, lembro que ele não poderia estar ali e que chegou a ver ele sair. Mas que em seguida ele retornou e atirou contra Pâmela Jennifer. Foram dias de dor, na esperança que a mãe de uma menina de apenas 5 anos voltasse, mas 32 dias depois, ela morreu.

Preso em flagrante por tentativa de feminicídio e por desobedecer a medida protetiva, Johnny foi mandado para o Presídio de Segurança Máxima. Com o inquérito policial concluído, o suspeito deve responder por homicídio qualificado, feminicídio, e recurso que dificultou a defesa da vítima.