Ruralistas continuam detidos 

O MPF (Ministério Público Federal) apreendeu mais de 10 armas, além de cartuchos e carregadores de pistola durante a operação que resultou na prisão de fazendeiros supostamente envolvidos na morte do indígena da etnia Guarani-Kaiowá Cloudione Rodrigues Souza, de 26 anos, em junho deste ano.

Os mandados de prisões, a pedido do MPF, foram cumpridos por agentes da Polícia Federal, na última quinta-feira (18), em Dourados, Campo Grande, Caarapó e Laguna Caarapã. Foram detidos os ruralistas Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo e Eduardo Yoshio Tomonaga, o “Japonês”, e Nelson Buainain Filho, dono da fazenda Yvu, onde ocorreu o ataque.

Mettifogo, Tomonaga e Camacho foram levados para a penitenciária de segurança máxima de Dourados, na sexta-feira (19), depois que a Justiça negou o pedido verbal para relaxamento da prisão preventiva. O advogado Felipe Cazuo Azuma, que faz a defesa do trio, diz que espera uma nova decisão sobre o pedido de liberdade.

“Não temos nenhuma novidade desde sexta-feira, mas deve sair alguma decisão entre hoje e amanhã. Meus clientes negam qualquer participação. Não atiraram, não praticaram nada nesse sentido. Se não tiverem liberdade concedida, vou entrar com pedido no Tribunal Regional Federal”, afirma.

Um quinto pecuarista, Dionei Guedin, também teve a prisão preventiva decretada, mas não foi encontrado pela Polícia Federal. De acordo com as investigações do MPF, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado.

Conforme nota publicada pelo MPF, na manhã desta segunda-feira (22), foram apreendidos dois revólveres, um rifle calibres 38, uma pistola .380 e sete espingardas calibres 16, 22, 28, 32, 36 e 38. Também foram recolhidos pela polícia 310 cartuchos, a maioria são de calibre 22 (91 unidades), 380 (67) e 38 (54), além de dois carregadores de pistolas. Não foram encontrados armamentos registrados no nome dos fazendeiros.

Em nota, o MPF destaca que as apreensões reforçam as investigações. “A perícia realizada no local do ataque à comunidade encontrou projéteis deflagrados em calibres compatíveis com as munições apreendidas”, afirma.

A operação é resultado da força-tarefa Avá Guarani instituída pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a fim de apurar crimes contra comunidades indígenas do Estado. Em 10 meses de investigações, doze pessoas já foram denunciadas por formação de milícia privada contra os índios em outro caso.