Nour deixou seu país de origem e percorreu nações em busca de paz

Quem passa pelo jovem vendedor de pen drives, nas imediações da Praça Ary Coelho, no centro de Campo Grande, nem imagina o quanto de história o árabe tem para contar. Com óculos escuros, de tênis, jeans e o pescoço rodeado por cordões coloridos, quem chega perto logo percebe que Nour Eddin Alhamwi, de 26 anos, não é da região. Apesar de não falar muito bem a língua local, ele consegue ‘se virar’ no português e chamar a atenção da clientela.

“Aprendi com as pessoas, nas ruas. Ouço as pessoas falando gente boa, pra caramba”, brinca. O nome Nour, significa Luz de Fé, segundo o jovem árabe.. E aparentemente parece que ele tem a dádiva, a paz, hoje quase anulada na terra de onde ele veio.

Refugiado da Sìria, Nour está há poucos meses no Brasil e, para fugir dos conflitos do oriente, precisou deixar para traz a família e a própria loja de roupas de festas. Na odisseia em busca da tranquilidade, percorreu o Líbano, Turquia, Dubai e também a Jordânia. Aqui em Campo Grande ele mantém residência na Mesquita e se apaixonou pela natureza.

‘Quero viver para sempre aqui. Em todo lugar tem crime, roubo. Na Síria via pessoas morrendo do meu lado, aviões jogando bomba”, resumiu. Nour transmite simpatia, e não é qualquer coisa que faz o moço deixar seus valores de lado.

Seguidor do Islamismo, Naour afirma que não há motivo para discussões quando o assunto é religião. “Eu tenho o meu Alá e você tem o seu Alá”, comenta sorridente.

Nesta rotina de vender pen drives com músicas, ele acabou gostando do sertanejo, em especial, da música romântica de Zezé de Camargo e Luciano. Entre as clientes dele estão as mais idosas, que preferem dispositivos com música gospel

“A língua não é muito fácil para mim, mas gosto do sertanejo, de Zezé de Camargo, e daquela música que diz cuida bem dela”.

No fim da entrevista Nour, como um bom cidadão que pede por paz no mundo, se despediu da reportagem e nos disse: “Alá esteja com vocês”.