Jardineiro preso suspeito de manter adolescente em cárcere é inocentado

O juiz informou na sentença de que ele não foi convencido que houve crime nesta situação

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O juiz informou na sentença de que ele não foi convencido que houve crime nesta situação

Na terça-feira (10), o jardineiro Dirceu Benites, de 41 anos, foi inocentado dos crimes de cárcere privado e constrangimento ilegal que foi denunciado pelo MPE (Ministério Público Estadual). Ele passou por uma audiência na 2ª Vara da Violência Familiar e Contra a Mulher, presidida pelo juiz José Carlos de Paula Coelho e Souza, na Comarca de Campo Grande. Ele estava no complexo penitenciário de Campo Grande, no Jardim Noroeste, região leste, quando foi solto nesta quarta-feira (11).

A advogada do jardineiro, Rosana Espíndola, explicou que não havia provas a respeito da denúncia da adolescente, que morava com o suspeito e tinha um filho em comum. Nos autos, a jovem relatou que vivia em cárcere, porém conseguiu escrever um bilhete, atrás de uma receita médica e entregar na farmácia do bairro.

Além disso, a jovem entrou em contradição em dizer por que não usava o celular particular para pedir por socorro, mesmo dizendo que ficava presa no quarto da casa da ex-mulher do marido, ela relatou que a convivência entre elas e os filhos dele e entre os irmãos era pacífica.

Todos os fatos narrados por ela caíram em contradição em diversos momentos durante a audiência. A partir disso, o juiz entendeu que não houve crime. “Ela na verdade não queria que eu ajudasse financeiramente minha ex-mulher e meus filhos. Queria que eu fosse viver só com ela e com o caçula”, comenta à equipe do Jornal Midiamax.

Após cinco meses detido, Dirceu falou que o objetivo é se reaproximar do filho caçula e regularizar a guarda. Ele também disse que quer mostrar para a sociedade que não é o monstro que ela disse, pois a imagem dele está manchada depois da denúncia. “Agora quero que a sociedade saiba que fui absolvido e que não sou o monstro que ela disse. Sou inocente tanto que a Justiça entendeu isso”.

De acordo com a advogada, a absolvição dele foi uma conquista. “Foi uma vitória porque existem muitos mecanismos de defesa das mulheres, mas elas precisam saber usar e não banalizar como foi no ‘caso do Dirceu’. O que precisa mudar é o quadro de violência doméstica que existe e punir realmente quem for culpado”, enfatiza.

Ela disse que desse caso dá para tirar uma lição que, “nós mulheres temos que saber usar os artífices da lei para o bem, para punir realmente quem pratica violência. Temos que usar para mudar as gerações, e sim, precisamos lutar para mudar o quadro de violência contra as mulheres”.

Cárcere

O caso veio à tona no dia 19 de agosto. A adolescente foi até uma farmácia e deixou um pedido de ajuda no verso de uma receita médica. A atendente acionou a polícia que foi até a casa onde a adolescente estaria sendo mantida em cárcere, com o filho bebê.

A garota relatou à polícia que em pouco tempo de namoro com Dirceu, ela já ficou grávida. Demonstrando afeto, ele convenceu a vítima de parar de trabalhar e a levou para morar na casa da mãe. Posteriormente, ela descobriu que Dirceu usava um nome falso e ele a levou para morar com a ex-mulher e os filhos, na casa onde foi encontrada.

Outro lado

O jardineiro rebateu detalhes do depoimento da adolescente e contou sobre o começo do namoro e como a relação chegou à situação. Segundo ele, o casal se mudou da casa que foi periciada pelos policiais, pois o local estava infestado de ratos e o bebê pegou pneumonia.

Dirceu afirmou que a adolescente não cuidava bem do filho do casal, um bebê de 5 meses, por isso, ele pediu para ex-mulher abrigá-los na casa dela. Ele disse ainda que foi pedir a adolescente em namoro para os pais dela e a mãe expulsou a garota de casa.

Rosa Conceição Moreira, de 51 anos, ex-mulher de Dirceu que abrigou a adolescente, disse que a jovem é ciumenta e possessiva e que inventou a história. Ela também afirmou que a vítima não ajudava nos serviços de casa e que saía de casa constantemente para fazer compras ou ir ao shopping, negando a versão do cárcere contada pela adolescente.

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