Líder oposicionista venezuelano é preso após se entregar em Caracas

O dirigente opositor venezuelano Leopoldo López se entregou à Guarda Nacional Bolivariana, na tarde desta terça-feira (18), após participar de uma marcha da oposição na região de Chacaito, em Caracas. López era procurado após ter recebido da Justiça uma ordem de prisão pelos incidentes registrados após uma manifestação de estudantes em 12 de fevereiro que […]

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O dirigente opositor venezuelano Leopoldo López se entregou à Guarda Nacional Bolivariana, na tarde desta terça-feira (18), após participar de uma marcha da oposição na região de Chacaito, em Caracas.

López era procurado após ter recebido da Justiça uma ordem de prisão pelos incidentes registrados após uma manifestação de estudantes em 12 de fevereiro que desencadeou em atos de violência que deixaram três mortos –ao menos quatro pessoas morreram e outras 70 ficaram feridas nos episódios. A última vítima registrada foi um adolescente de 17 anos, morto em Carúpano. López estava foragido havia uma semana.

O governo venezuelano acusa o líder de oposição de homicídio intencional qualificado, executado por motivos fúteis e não nobres; de associação e instigação para cometer delito; intimidação pública; incêndio a edifício público; e de danos à propriedade pública e lesões graves.

O líder opositor apareceu por volta do meio-dia na praça Brión, no bairro opositor de Chacaito (leste). Após um breve discurso a seus partidários, ele se entregou aos agentes, que o escoltaram até um veículo da guarda.

O líder do partido Voluntad Popular caminhou durante a marcha com uma bandeira da Venezuela e um ramalhete de flores e subiu em uma estátua de Jose Martí para usar um megafone e fazer um pronunciamento aos manifestantes.

“Hoje estou aqui diante de uma Justiça injustiça, corrupta, que não julga de acordo com a Constituição e as leis, mas me apresento diante de vocês, os venezuelanos, com o nosso mais profundo compromisso de que esta prisão vale para o despertar de um povo e a maioria dos venezuelanos que querem mudanças em paz e democracia, vai valer a pena a prisão”, disse López vestido de branco diante de milhares de venezuelanos que gritavam “não se entregue”.

“Precisamos construir uma maneira de sair desse desastre e essa saída tem de ser pacífica dentro da Constituição, mas também tem que ser na rua”, concluiu.

Após discursar a seus seguidores e pedir para que se retirassem da praça de forma pacífica, López dirigiu-se aos guardas nacionais com uma flor branca.

Já dentro do veículo da polícia, pediu para que os manifestantes ficassem calmos.

“Liberdade, liberdade!”, gritavam os manifestantes.

“Se a minha prisão servir para despertar um povo, para despertar definitivamente a Venezuela e para que os venezuelanos e venezuelanas que querem mudanças construam um caminho de paz e democracia (…) valerá a pena”, insistiu.

López, um jovem economista formado em Harvard e proibido pela justiça de exercer cargos públicos, afirmou que nunca deixará a Venezuela e pediu por uma “saída pacífica deste desastre”, em um país que vive uma grave crise econômica, com uma inflação de 56,3% e uma severa falta de alimentos e produtos de primeira necessidade.

Atos pró e antigoverno reúnem milhares

A marcha de oposição se concentrou em Chacaito, área de classe média alta de Caracas, e foi impedida a entrar no município Libertador, onde está situado o Ministério de Relações Interiores, Justiça e Paz.

“Nenhuma marcha da oposição vai entrar no município Libertador. Não está autorizada e não vai passar”, disse o presidente do Parlamento venezuelano, Diosdado Cabello.

Ao mesmo tempo em que a oposição protestava, manifestantes chavistas marchavam no centro de Caracas para acompanhar a assinatura de um novo convênio coletivo em benefício dos mais de 100 mil trabalhadores da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA).

Na verdade, a marcha governista, convocada pelo presidente Nicolás Maduro, tem como objetivo mostrar que o chavismo ainda conta com o apoio de parte da população e denunciar uma tentativa de golpe de Estado por parte da oposição.

Calcula-se que cerca de 40 mil trabalhadores da PDVSA participam da marcha em direção ao palácio presidencial de Miraflores, onde prevê-se que Maduro pronunciará um discurso.

Também o líder opositor e ex-candidato presidencial Henrique Capriles pediu através do Twiiter para evitar o confronto.

“A luta não é com o povo governista, a luta é contra o poder corrupto, repressivo, que gera fome, destruidor do país”, disse em mensagem e pediu a Deus que “abençoe a nossa Venezuela” e “ninguém caia em provocações nem pise o pente da violência!”.

Há uma semana, diariamente são registrados protestos de estudantes em várias localidades venezuelanas. Na noite de segunda-feira (17), um estudante de 17 anos foi atropelado por uma viatura enquanto protestava na localidade de Carúpano, estado de Sucre, a cerca de 600 quilômetros a leste de Caracas.

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