Todos foram enfáticos ao relatar que o policial, antes mesmo de descer do veículo, disparou sob a multidão e logo depois na vítima, assim que ela tentou conter a briga.

Pouco mais de três meses após a execução de Ike César Gonçalves, 29 anos, fato que ocorreu em frente a uma casa noturna da Capital e tem acusado o policial militar Bonifácio dos Santos Júnior, 36 anos, 14 testemunhas que presenciaram a cena e familiares da vítima compareceram ao Fórum, na tarde desta quinta-feira (7), para a 1ª audiência referente ao homicídio.

Todos foram enfáticos ao relatar que o policial, antes mesmo de descer do veículo, disparou sob a multidão e logo depois na vítima, assim que ela tentou conter a briga.

“Assim que chegamos à festa, ficamos sabendo que havia uma pessoa armada no local. Na saída, o Jr. (policial) deu tiros e vi o momento em que o Ike falou que não estava ali para brigar, mas mesmo assim foi atingido”, afirma a testemunha T.P. da R.

A jovem disse então que viu o momento em que Max Bruno Leite foi atingido de raspão. “Ele caiu e entendi que ele tinha sido atingido. Depois foi o Ike e então, tranquilamente, o autor saiu e entrou no carro para ir embora”, explicou a testemunha.

Frente com o policial que atentou contra a sua vida, Max Bruno mais uma vez ressaltou a atitude do policial na ocasião. “O Ike não ofendeu ninguém, simplesmente pediu para parar porque o irmão dele estava junto e ele teve medo dele ser atingido. A intenção dele era apaziguar o tempo inteiro, mas o policial agia como rei”, fala a 2ª testemunha.

Nervoso, enquanto esteve de frente com o réu e a pessoa quem deu fuga para ele logo após o crime, Max falou ao juiz que ‘sentiu a bala passando ao seu lado’ e que logo depois teve um desmaio. “Foram cerca de seis tiros”, disse.

Presente no tumulto na saída da boate, um policial civil lotado em Jaraguari também presenciou a cena. “Quando saí da festa, uma briga já estava acontecendo. Na verdade fiquei parado e de costas para o Bonifácio, mas antes chamei um dos seguranças e ele me disse que o militar tinha entrado armado”, conta o policial.

Na ocasião, quando viu o réu com a arma em punho, a testemunha diz que ‘jamais imaginou que ele sairia atirando’. “Até pensei em dar a voz de prisão para ele naquele momento, porém tive de ter a cabeça fria porque as pessoas poderiam se voltar contra mim e tirar a arma de uma pessoa não é fácil. E, assim que ele disparou, corri, peguei as cápsulas e anotei a placa do carro em um papel”, relata o policial civil.

Do lado de fora, a família da vítima estava apreensiva. Cada vez que a porta abria, inúmeros curiosos queriam conhecer o rosto daquele que matou Ike. “Já se passaram mais de três meses que o comandante disse que iria conseguir a exoneração do policial, mas ainda não ocorreu nada. Queremos alguma providência”, conclui ao Midiamax a mãe da vítima, Jaci Vieira do Nascimento.