O fechamento do lixão de Campo Grande provocou várias manifestações de catadores que estavam presentes no local. As equipes da Polícia Militar, que foram destacadas para conter possíveis protestos violentos, tiveram que intervir com bombas de efeito moral e balas de borracha no momento em que os manifestantes tentaram proibir a entrada de caminhões no local.

No local houve muita correria e quatro pessoas ficaram feridas. O catador Flávio de Moraes recebeu um tiro de bala de borracha no pé. Além de Rodrigo Leão Marques, Èder Cirilo e José Wilmar, que também tiveram ferimentos com as balas de borracha e foram detidos.

Eles foram levados para a Depac Piratininga.

Logo após a ação dos policiais, os manifestantes se dispersaram do local.

De acordo com o major Adilson Macedo – Comandante da Operação Segurança Preventiva, estão presentes 45 policiais militares, sendo uma equipe da cavalaria e policiais da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e de Operações Especiais) do 1º, 9º e 10º Batalhão, além de 10 guardas municipais.

“A mobilização foi para evitar manifestação agressiva. O direito de manifestação é livre, mas não vamos tolerar o bloqueio de vias e tentaremos evitar tumulto e fechamento da entrada e saída do lixão, apenas de forma pacífica. A força tarefa é para demonstrar que estamos preparados.” 

O superintendente executivo da Solurb, Élcio Terra, disse que hoje às 14h, será realizada reunião com os cooperados, na Unidade de Tratamento de Resíduos. Ele revelou que o início das atividades depende de que os catadores se organizem.

“A usina ainda não está totalmente finalizada. Ela deve levar três meses para funcionar em plenitude total. A demora acontece em razão da dificuldade em organizar os cooperados. Já há um local para iniciar a triagem, a UTR – Unidade de Tratamento de Resíduos, na frente do lixão. Para nós é uma vantagem que os cooperados trabalhem.”.

Élcio explicou que a empresa possui 438 trabalhadores cadastrados, 90 efetivos e entre 30 e 40 flutuantes, que trabalham duas vezes por semana. “A UTR poderá atender as 140 pessoas que necessitam do lixão para subsistência, apesar de ficar pronta somente em três meses. Mas é preciso que eles se organizem para que possamos continuar as atividades”.

A Defensora Pública Olga Lemos Cardoso informou que na última quinta-feira (13), a Defensoria entrou com Ação Civil Pública para que os trabalhadores fossem indenizados. Ela explicou que a ação definirá quem deverá pagar pelo prejuízo dos catadores – a Prefeitura ou a empresa responsável pela coleta. Além disso, a defensora considera o fechamento do local arbitrário, pois a Unidade de Tratamento de Resíduos ainda não está finalizada.

“O lixão é deles, não é nosso e nunca foi. A sociedade nunca deu importância para estas pessoas, por isso solicitamos uma indenização de R$ 140 para cada trabalhador, por cada dia que deixou de trabalhar.”, explicou.

A defensora orientou também que os catadores fossem até o local e assinassem uma lista de presença para que comprovem cada dia que deixaram de trabalhar. “Iremos denunciar ao judiciário o que for possível fazer. Toda manhã nos reuniremos aqui.”.

A líder dos catadores Edna chaves, de 44 anos, conta que trabalha há oito anos no local. “Não somos bandidos só queremos trabalhar e nosso manifesto e de forma pacífica por nossos direitos.”.

João Ramos da Silva (56) disse que vive da reciclagem há 19 anos. “Sem isso a gente não vive. Agora não tem o que fazer. Ficar desempregado justo nessa época de Natal é muito triste.”, lamenta.

Segundo a assessoria da Prefeitura de Campo Grande, o prefeito Nelson Trad Filho não estará presente na cerimônia de fechamento do lixão.