Endreo Linconl Ferreira, de 20 anos, alegou que foi alvo de um tiro à queima roupa. O estudante ainda nega que estava embriagado ou ter usado drogas durante o caso, ocorrido último domingo

O estudante de Engenharia Civil da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Endreo Linconl Ferreira da Cunha, 20, detido último domingo, afirmou nesta terça-feira (29) que levou um tiro à queima roupa do policial civil do Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros) José Ângelo de Souza Filho.

“Ele atirou no meu peito da janela do motorista, grudado em mim. Foi um milagre eu ter sobrevivido”, falou o estudante.

Segundo a versão de Endreo, ele e um amigo, Vinícius Higa, acabaram se envolvendo em uma confusão em uma festa próximo à UFMS.

“Tive um problema com um desconhecido naquela noite, e acabamos brigando fora da república. Quando estávamos no chão lutando dois homens começaram a intervir, depois tentei junto com meu amigo ir embora de carro, mas eles não deixaram”, alegou o estudante, se referindo aos policiais militares Martinho Estevão Correa Neto, que estuda junto com Endreo, e Vinícius Dias Diniz, que segundo ele estavam na festa e ingerindo bebidas alcoólicas.

Os PM’s teriam inclusive agredido com socos e chutes o amigo de Endreo, Vinícius Higa, que realizou exame de corpo de delito nesta segunda-feira (28). Em depoimento Vinícius alegou que foi obrigado a descer da caminhonete e depois agredido por um “desconhecido com arma de fogo em punho”. Ele acabou indo embora depois, em seu próprio veículo.

Endreo afirmou que fugiu em sua caminhonete em direção à avenida Costa e Silva, quando acabou parando em um congestionamento. Segundo informações do delegado do Garras Rodrigo Iassaka, neste momento Endreo teria colidido com cinco carros e atropelado o investigador José Ângelo.

O estudante rebate a polícia: “eu parei o carro porque não tinha como seguir, quando vi tinha dois policiais militares e mais um homem vindo atrás de mim. Me desesperei e realmente acabei batendo em dois carros. Foi quando um dos homens, que não vi o rosto, chegou na janela e atirou”.

O homem era José Ângelo. O investigador, em depoimento, afirmou que depois do estudante ter batido em seu carro, abordou Endreo se identificando como policial. O estudante teria tentado “esmagá-lo com o carro” e ele então atirou. José ainda informou que teria acabado de pegar a filha em um show por volta das 5h da manhã de domingo.

“Ninguém se identificou como policial, muito menos quem atirou em mim, e ele atirou pra matar, eu tinha certeza que ia morrer”, rebateu Endreo.

O estudante afirmou que então conseguiu fugir, e foi para sua casa, onde foi socorrido pela mãe e familiares. Depois se apresentou na polícia para providências.

A caminhonete, fotografada no estacionamento do Garras, apresenta pequenos arranhões na parte dianteira esquerda.

Acusações

Ainda segundo o Garras Endreo Linconl estaria dirigindo embriagado, carregando uma porção de entorpecente e não seria habilitado para conduzir o veículo que guiava.

O rapaz, solto desde segunda-feira ao meio dia por medida judicial, nega as duas primeiras acusações, mas aceita a última. “Eu tinha bebido no máximo dois copos de cerveja e só. E não sou, de forma nenhuma, usuário de drogas”, afirmou Endreo.

“Nós que levamos a caminhonete para ser periciada na Delegacia, se quiséssemos e isso realmente existisse, poderíamos ter tirado a tal droga do veículo”, afirmou a mãe do rapaz, Alessandra Tatiana Ferreira.

Já quanto à carteira de habilitação, Endreo confirmou que só possui carteira B, mas a caminhonete, classificada como caminhão pelo tamanho e capacidade de carga, exige a C.

Endreo Linconl confirma também já ter sido indiciado no passado por lesão corporal e injúria. “A questão da lesão corporal foi em 2010, e a vítima já retirou a acusação, quanto a injúria foi em um caso de final de relacionamento em que realmente errei”, confessou o rapaz.

Recuperação

Endreo relatou que se recuperou bem do disparo, porém está traumatizado com o caso. “Levar um tiro não é nada fácil, vou ter que pensar como voltar a rotina agora”, relatou o estudante.

“O tiro passou apenas 1mm do coração, foi um milagre. E vamos ver o que fazer, como vai ser a volta pras aulas, afinal um dos policiais estuda com ele”, falou a mãe do rapaz.