A solidariedade ao próximo e a harmonia que a época do Natal pode proporcionar, muitas vezes, são fatores estimulantes para conflitos familiares e ação de bandidos

A solidariedade ao próximo e a harmonia que a época do Natal pode proporcionar, muitas vezes são fatores estimulantes para conflitos familiares e ações delituosas de bandidos.

Segundo o delegado Wellington de Oliveira, ao mesmo tempo em que cresce o policiamento nas ruas no mês de dezembro, também muda o comportamento das pessoas e aumentam os registros policiais de casos de violência doméstica, acidentes de trânsito por condutores embriagados, suicídio, entre outros crimes.

“Esta é uma época em que todo mundo quer ganhar presente e a mídia vende que você tem que ter um carro novo, uma T.V. de tecnologia Led e um celular, além de outros produtos. E não é todo mundo que tem um nível social para adquirir tudo isso, e é justamente onde os crimes de furtos e roubos começam a aparecer, motivados principalmente pelo consumismo, individualismo e falta de ética e moral”, explica o delegado.

Segundo dados dos boletins de ocorrência registrados nas delegacias da cidade, há uma média de 120 furtos ao mês em Campo Grande, que caem para 77 no mês de dezembro, por conta do policiamento. Em contrapartida, de acordo com o delegado, os roubos aumentam 15%, “já que os bandidos aproveitam o descuido das pessoas e assaltam mais em cima de motocicletas, fugindo por avenidas ou vias de acesso rápido, por exemplo”, diz o delegado.

Oportunistas estão sempre de olho, diz delegado

Com 12 anos de experiência, o delegado também explica que a atitude das pessoas nesta época, como em qualquer outra do ano, é o que define o comportamento dos assaltantes “Os oportunistas ficam de olho na atitude das pessoas o tempo todo para tirar alguma vantagem. Como a polícia não pode estar presente em todos os locais a todo o momento, os crimes acontecem. No centro da cidade, por exemplo, temos uma equipe constante à paisana nos pontos de ônibus para prender bandidos. Em um ponto de ônibus da avenida Afonso Pena, já foram 15 flagrantes só este mês”, conta o delegado.

Dentro das casas, segundo o delegado, muitas pessoas sentem solidão ou até mesmo angústia por não poder comprar algo que querem. “Pode parecer algo distante, mas acontece. Ontem mesmo na delegacia chegou um caso de suicídio e o motivo provável é a falta de dinheiro que motivou a pessoa a cometer este crime. As pessoas também exageram na bebida e cometem agressões em família, calúnia, difamação e até casos de estupro são mais comuns”, afirma o delegado.

Para lidar com todos estes problemas e a sobrecarga do mês de dezembro, a psicóloga especialista e terapia comportamental cognitivo, Céres Mota Duarte, afirma que é necessário a pessoa conhecer os seus limites. “O nível de consciência das pessoas deve aumentar sobre si mesmas para que elas não caiam na armadilha de consumir o tempo todo, como prega a sociedade capitalista. Até para as pessoas com conhecimento e formação às vezes é difícil ter um autocontrole, imagina quem não tem instrução nenhuma e se ilude por propagandas que escondem o consumismo?”, explica a psicóloga.

Segundo a psicóloga, nesta época aumentam os pacientes em crise. “Nesta época ocorre à chamada “tensão do mês de Dezembro”, por conta do aumento de stress, que é uma reação natural do organismo e deixa as pessoas mais nervosas e tensas, com paciência para quase nada. Então, as coisas que passaram muitas vezes o ano todo sem serem resolvidas, vem a tona nessa época. É fundamental então trabalhar a tolerância e saber ouvir aos outros ainda mais neste período”, finaliza a psicóloga.