O capitão Marcos Paulo, da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais), informou que desentendimentos familiares teriam causado o desaparecimento de um adolescente de 16 anos, coincidentemente, após uma abordagem por viatura da companhia.

Segundo a mãe do jovem, Elizângela dos Santos, 34, ele desapareceu na noite da última terça-feira (29) logo após a abordagem da Cigcoe no bairro Jardim Imperial.

O adolescente foi encontrado no início desta sexta (1), na casa de um amigo no bairro Jardim Anache. Duas testemunhas disseram em depoimento à Delegacia Especializada de Infância e Juventude (Deaij), que ele foi revistado junto com um grupo de cerca de dez pessoas durante ronda policial na rua dos Eucaliptos, por volta das 22h30.

Testemunhas também disseram que o jovem teria sido colocado no camburão por um soldado. Segundo a Cigcoe, porém, após a abordagem, o rapaz foi liberado. A PM investigava um disparo de revólver, por isso revistaram três garotos, um deles, o adolescente.

Ainda segundo a polícia o jovem estava com várias cápsulas de calibre 38, na rua dos Eucaliptos, por volta das 22h30. Segundo o menor de idade, uma outra pessoa teria passado em um carro e dito “segura isso [cápsulas] aí”, indo embora depois.

Como não configura crime estar de posse de cápsulas, ele foi liberado.

Na abordagem, o adolescente teria dito aos policiais que não morava mais com a mãe e estaria vivendo na casa de um colega, no bairro Nova Lima, saída para Cuiabá, mesma região do bairro Anache, por desentendimentos familiares.

Por volta da 0h desta sexta (1), policiais do próprio Cigcoe encontraram o adolescente na casa de um amigo no bairro Jardim Anache. De lá, ele foi levado para a corregedoria da PM e depois para o Cepol, às 4h.

O jovem não possui passagem como infrator e teria dito que estava na casa do amigo havia três meses por conta de divergências familiares com a mãe. Ainda de acordo com a polícia, Elizângela dos Santos possui passagem por rufianismo, artigo 230 que consiste no fato de “tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça”.

Ontem a mãe, que mora na Vila Margarida, confirmou que o filho morava na casa de um amigo. “Ele mora com um colega que já é maior de idade, mas na casa moram também os pais do rapaz”, disse.

“Não sei o que pode ter acontecido, não tenho a menor ideia, porque o policial bateu em meu filho e sumiu com ele. O policial que pegou ele disse que queria matar alguém e o levou na viatura”, chegou a dizer a mãe ontem à imprensa.

O caso foi denunciado à Comissão de Direitos Humanos da OAB/MS, que acompanha a investigação policial. A entidade também encaminhou informações à 24ª Promotoria de Justiça em Campo Grande.

Cabos e Soldados

Em nota oficial, a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar garantiu que vai passar a acompanhar todos os procedimentos investigativos na Corregedoria da PMMS, e que pretende tomar medidas judiciais quando policiais foram injustamente acusados.