O laudo pericial constatou que o calor irradiado do forno do fogão causou o incêndio no apartamento da Plaenge Leonardo Da Vinci em Campo Grande, na madrugada do último dia 2 de outubro, causando a morte do publicitário Giovanni Dolabani Leite, de 24 anos e de Kátia da Silva Soares Barroso.

De acordo com o resultado divulgado nesta quinta-feira (24) pelos delegados Miguel Said e Wellington Oliveira na 1ª DP, o fogão estava embutido em um armário planejado, muito perto da madeira. “A distância era de 5 a 10 centímetros, quando o mínimo necessário é de 40 a 60 centímetros do modulado”, esclareceu o perito Antônio César Moreira de Oliveira.

“A preocupação é com este tipo de móvel e como as pessoas estão instalando o fogão em casa. Nós visitamos o apartamento ao lado e nele havia o mesmo projeto para a cozinha. É um perigo, uma bomba-relógio dentro de casa”, alerta Wellington.

“É preciso seguir as normas de instalação do produto, conforme o manual de instruções. Além do móvel, tinha um tapete à frente do fogão. O calor irradiado atingiu a temperatura de ignição dele e do móvel, provocando o incêndio. Para se ter uma idéia do calor gerado pelo forno, uma panela de alumínio estava dentro e foi derretida, o que só acontece quando a temperatura atinge cerca de 600 graus”, explicou o perito Almicar de Serra e Silva Netto.

Em quarenta dias de perícia e várias visitas ao apartamento, quatro peritos, entre eles um engenheiros civil, elétrico e químico foram necessários para conclusão do laudo.

De acordo com a polícia, o casal saiu para um evento por volta das 18h e retornou ao apartamento por volta das 23h. Os peritos calculam que o forno pode ter sido ligado por volta de 0h30 e o incêndio percebido pelo filho do casal por volta de 2h12, quando ele retornou do apartamento da namorada, no 13° andar.

Ele teria percebido a fumaça da sacada daquele andar e desceu de elevador até o andar dos pais para avisá-los. Ao chegar, tentou entrar pela área de serviço, mas ela já estava incendiada. De acordo com as imagens internas do edifício analisadas, ele teria entrado pela porta social do apartamento. Após abrir a porta, mais oxigênio entrou no apartamento e aumentou o incêndio. Ele conseguiu avisar o pai, que ficou com a filha na suíte. Ele e a mãe ficaram na sacada do apartamento espertando pelos bombeiros.

Com o sensor de incêndio, o elevador do prédio teria travado, o que dificultou o resgate de Giovanni, que usava cadeira de rodas.

Indiciados

Apesar da conclusão do laudo da perícia, o inquérito policial ainda não terminou. “Precisávamos desse resultado para confrontar informações com a família que morava no apartamento. Eles alegaram, por exemplo, não terem deixado nada ligado no fogão”, disse o delegado Said.

Com isso, há várias possibilidades de indiciamentos a partir dos laudos, como o fabricante do móvel planejado, o projetista do móvel, caso se constate um erro de projeto ou quem teria esquecido o forno ligado. “É leviano dizer agora quem será indiciado, temos que comprovar as culpabilidades e individualizá-las”, explicou Said. (Atualizada às 15h44 para correção de informações).