O traficante Robson Silva Alves Porto, apontado pela polícia como braço direito do Nem na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, foi preso nesta quinta-feira (24) por policiais civis em uma casa em Realengo, próximo à Vila Vintém, de onde ele pretendia fugir.

Robson é conhecido pelo apelido de “99” e atuava como uma espécie de “gerente” no Vidigal.
Já o traficante Nem (Antônio Francisco Bonfim Lopes), chefe do tráfico na Rocinha, foi preso neste mês, durante operação de ocupação da comunidade pela polícia. Durante a operação, foram apreendidas mais de cem armas (entre elas, 73 fuzis).

Esquema de lavagem de dinheiro
Na semana passada, a PF (Polícia Federal) identificou cinco “laranjas” de um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro do traficante Nem, que envolve advogados, contadores e empresas, que atuam fora da comunidade onde ele comandava o tráfico de drogas desde 2005.

Os investigadores advertem que o esquema é complexo e a lavagem de dinheiro envolve propriedades localizadas fora do Estado do Rio de Janeiro. Um dos envolvidos mora em uma cobertura de luxo na Barra da Tijuca, bairro nobre da zona oeste da cidade.

“A investigação não tem prazo definido e será profunda. A PF vai bater no braço financeiro desta organização”, afirmou o delegado Victor Hugo Poubel, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF.

A investigação sobre lavagem de dinheiro começou com a identificação dos advogados que acompanhavam o traficante no momento da prisão. A polícia recolheu informações sobre o alto poder aquisitivo dos três homens, que tentaram dar fuga a Nem e esconderam o traficante no porta-malas de um Corolla. No carro, a polícia apreendeu 50,5 mil euros e R$ 59,9 mil, mas os advogados chegaram a oferecer R$ 1 milhão aos policiais do Batalhão de Choque da PM do Rio, que fizeram a abordagem ao carro, antes da chegada dos policiais federais.

Xerifa
Os setores de inteligência das forças policiais do Rio também tentam descobrir o esconderijo de Danúbia de Souza Rangel, 27, namorada de Nem. Segundo a polícia, o nome da “xerifa da Rocinha”, como ela gostava de ser chamada na comunidade, consta em uma investigação da Polinter, concluída em 2009, sobre o suposto esquema de lavagem de dinheiro do tráfico. Porém, não há mandado de prisão contra ela.

A polícia trabalha com a hipótese de que a namorada de Nem teria mudado o visual a fim de facilitar a fuga da Rocinha. Há informações de que ela estaria com os cabelos pretos e curtos, e não loira como mostram todas as fotos nas quais a xerifa da Rocinha aparece esbanjando joias de ouro e outros artigos de luxo.

Luxo e ostentação
Nem nunca poupou esforços para dar uma vida repleta de luxo e ostentação para a namorada, que já teve relacionamentos com outros dois traficantes mortos, conhecidos como Mandioca (de quem teve um filho) e Marcélio, ambos do Complexo da Maré, na zona norte do Rio. Em seu perfil numa rede social, Danúbia postava inúmeras fotos nas quais aparece com joias de ouro, roupas de marca, bebidas importadas, entre outras.

Além da extravagância da rotina de primeira dama do narcotráfico na Rocinha, a polícia acredita que todos esses gastos serviam para lavar o dinheiro do crime organizado.

Danúbia e Nem moravam em uma luxuosa casa em uma localidade conhecida como Cachopa – é necessário subir uma ladeira bastante íngreme para chegar ao imóvel. Segundo vizinhos, ambos só circulavam pela favela pilotando motos de última geração.

A residência possui deque com piscina, churrasqueira de alvenaria, banheira de hidromassagem, cômodos amplos, um terraço com vista panorâmica da favela (incluindo a Pedra da Gávea), entre outras características que destoam da realidade socioeconômica dos barracos no entorno. Em uma das paredes da casa, havia um banner com fotos sensuais da ex-primeira dama do narcotráfico da Rocinha.