A Polícia Civil não foi pegar um facão usado para ameaçar a enteada de Glauco Vilas Boas na noite da morte do cartunista e de seu filho Raoni para não desperdiçar “recursos públicos”, segundo o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), Marcos Carneiro.

Além de ter atirado no cartunista Glauco e no filho dele, Raoni, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, mais conhecido como Cadu, confessou ter usado um facão para ameaçar as pessoas que estavam na cena do crime ocorrido em Osasco, na Grande São Paulo, no dia 12 de abril deste ano. Juliana Vennis, enteada de Glauco, disse em depoimento que Cadu abriu o casaco para mostrar que estava com o facão. Depois disso, o assassino confesso mandou ela chamar a mãe para abrir a porta do sítio em que a família morava.

Após ser preso em Foz do Iguaçu (PR) três dias depois do crime, Cadu contou à polícia que deixou cair a faca no matagal que fica ao redor do sítio de Glauco quando fugia da cena do crime. A polícia não fez buscas na região para encontrar a arma.

O delegado Carneiro contou que, no caso do assassinato do cartunista, o que mais “importa é a arma de fogo”, já que o suspeito cometeu os assassinatos com ela. Outro fator que, segundo o delegado, impediu a realização de um busca pelo facão foi a área em que ela supostamente teria sido perdida, que seria “muito grande”. Carneiro afirma que poderia haver “desperdício de recursos”:

– Toda a movimentação da polícia é dinheiro público gasto. Estamos racionalizando.

Consultado pelo R7, e falando apenas em tese sobre o caso, o advogado criminalista Mário de Oliveira Filho discorda da posição do delegado. O especialista explica que o Código de Processo Penal, conjunto de leis que dão as regras de como a polícia deve agir nas investigações, prevê buscas de todos os objetos usados em um crime.

De acordo com o advogado, o delegado pode inclusive requisitar a presença do suspeito para conduzir os policiais no trajeto que fez quando perdeu a arma