A Polícia Militar de Dourados frustrou um motim iniciado na noite de ontem, na Unidade Educacional de Internação Laranja Doce (Unei) que abriga em torno de 45 adolescentes infratores. De acordo com a direção, por volta das 23h30, eles começaram a gritar palavras de ordem. A PM foi acionada pelo agente José, através do telefone 190 (Ciops), a Radiopatrulha esteve no local e encaminhou os adolescentes para a sala de TV.

Eles permaneceram lá enquanto policiais militares faziam revista nas celas disciplinares, onde, conforme a direção da Unei, foram apreendidos várias armas de fabricação artesanal, também conhecidas como “chuchos”. O comandante interino do 3º Batalhão da PM de Dourados, o capitão Carlos Silva, disse que a PM registrou um Boletim de Atendimento onde nada consta sobre as apreensões. Ele explicou que a PM só faz apreensão de drogas e outros. No caso de chuchos, se apreendidos, serão encaminhados para a Agepen.

Conforme o diretor Odenir Alves de Souza, os meninos reivindicam maior liberdade. Eles pedem cigarros e reclamam do rigor do sistema. Segundo informações, os adolescentes também querem mudança na direção e pedem a saída de Odenir. 

A Unei masculina de Dourados ainda corre o risco de ser interditada pela Justiça. O prazo de suspensão do processo, oriundo de uma ação Civil Pública impetrada pelo Ministério Público Estadual (MPE), venceu no dia 25 de janeiro.

A partir daí, o juiz emitirá a sentença. Caso a Secretaria de Justiça e segurança Pública do Estado (Sejusp) não tenha realizado todas as adequações necessárias, exigidas pelos promotores de Justiça Amilcar Araújo Carneiro Júnior e Cristiane Amaral Cavalcante e o juiz emita a sentença favorável ao pedido MP, a unidade ficará impedida de receber novos internos e ainda deverá ser multada em até 1.000 UFERMS, por dia, o equivalente a R$ 13.850,00. Os adolescentes que forem apreendidos a partir da data da sentença também deverão ser transferidos para as outras Uneis estado, localizadas em Ponta Porá, Campo Grande, Três Lagoas e Corumbá.

O pedido de suspensão por parte o Estado foi aceito em 25 de agosto de 2009, quando foi dado o prazo de seis meses, para que fossem feitas as adequações na Unei do município.

O prazo vence no dia 25 de fevereiro e até o momento as reformas não iniciaram. Até mesmo a exigência de uma equipe técnica formada por psicólogos e assistentes sociais, que é essencial para os trabalhos de educação e ressocialização dos adolescentes infratores, não foi atendida. Os alojamentos também permanecem com grades, seguindo o modelo parecido com os dos presídios.

O diretor da unidade, Odenir Alves de Souza foi procurado pela reportagem, mas se recusou passar qualquer informação dizendo que está proibido de dar entrevista e que as informações deveriam ser obtidas através da superintendência de Assistência Sócio-Educativas, na Sejusp, em Campo Grande, com uma pessoa por nome Diego Vargas. A reportagem entrou em contato por telefone com o setor sugerido por Odenir, mas foi informada que Diego estava viajando e não havia um responsável disponível para atender naquele momento.

Naquela época os representantes do Ministério Público pediram reformas no prédio, com o objetivo de diminuir a insalubridade no local e no sistema elétrico. Os promotores pediram também a retirada da cela forte e a implantação de medidas efetivamente sócio-educativas na unidade, com cursos profissionalizantes, laboratório de informática, além de acompanhamento psicológicos e de assistentes sociais.

O documento também prevê a ativação de um posto de saúde no interior da Unei Laranja Doce, já que os equipamentos haviam sido adquiridos e estavam guardados no almoxarifado da superintendência