Após delegado ter se negado a registrar queixa por agressão contra Puccinelli, jovem recorreu ao CDDH e diz que tem como provar que foi “atacado” pelo governador

Rodrigo de Campo Roque, de 23 anos, deixou neste momento a 5³ Delegacia de Polícia, onde tentou mais uma vez registrar uma ocorrência por agressão contra o governador André Puccinelli. A Polícia Civil se negou novamente a receber a queixa.

Para justificar, o delegado que atendeu Rodrigo disse apenas que o fato já tem um boletim de ocorrência registrado. Segundo o CDDH, o policial teria falado que, se o rapaz diz que também foi agredido, terá que provar mais “pra frente”.

O jovem e Puccinelli discutiram ontem (21) durante uma passeata do candidato à reeleição, e o jovem acabou detido até as duas horas da manhã.

Segundo o rapaz, ontem, no Cepol, para onde ele foi levado pelos policiais militares que fazem a segurança de Puccinelli, o delegado de plantão, Paulo Henrique Sá, também não quis registrar um BO contra o governador. “Você pode registrar uma queixa contra o Puccinelli em qualquer outra parte do Brasil, mas aqui na minha delegacia não quero escândalo não”, teria dito.

Rodrigo protocolou no CDDH – Centro de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos um Termo de Declaração em que narra a própria versão do incidente e pede ajuda para conseguir ser ouvido pela Polícia Civil.

Segundo o documento, Rodrigo foi levado para o Cepol e colocado em uma cela com quatro presos. Após algum tempo, ele teria sido chamado pelo delegado que teria proposto ao jovem assinar um termo de compromisso em troca da liberação.

“Eu pedi ontem para registrar o BO e contei certinho para o delegado como aconteceram os fatos, mas ele me falou que, se eu não assinasse, ia ficar preso. Assinei para sair porque fiquei com medo do que poderia acontecer lá dentro”, contou.

A assessoria jurídica do CDDH, que acompanhou o rapaz na Delegacia nesta tarde, disse que é um absurdo a autoridade policial se negar a registrar uma queixa contra alguém apenas porque o autor é uma autoridade. “É comum o registro de dois BOs com relação ao mesmo fato, e a comunicação de uma queixa é direito do cidadão”, compararam.