A Polícia Militar do Rio encontrou dois medicamentos e dois suplementos alimentares no armário do soldado Eduardo Marcello Medeiros dos Santos, que morreu no hospital na terça-feira após passar mal em um treinamento do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Apesar do uso das substâncias encontradas (entre elas guaraná em pó) não ser proibida, o material será encaminhado para perícia.

Eduardo passou mal em um treinamento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na sede da unidade no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio na terça-feira. Ele foi socorrido ao Hospital Central da PM, mas não resistiu. Os médicos constataram quadro de infecção renal e convulsões.

Os medicamentos contêm Diosmina Hesperidina (usada no tratamento para insuficiência venosa) e Diclofenaco Sódico (um antiinflamatório). O suplemento Maltodextrina, fonte de energia, ajuda a evitar a fadiga, assim como o guaraná em pó.

“Não podemos afirmar que ele ingeriu essas substâncias. Precisamos aguardar os resultados dos exames. Mas o exercício que ele praticava quando passou mal era de esforço médio para fraco e ele passou mal duas horas após começar a fazer os primeiros exercícios físicos. Pela manhã, a instrução foi teórica”, disse o comandante do Bope, tenente coronel Paulo Henrique de Moraes.

O oficial disse que revistas nos armários dos candidatos a entrar no Bope podem virar rotina. “Mas isso não é garantia de que eles não vão consumir essas substâncias. Eles saem das aulas e vão para casa e podem ingeri-las nesse período”, disse o comandante do Bope, que desde junho investiga o uso de suplementos alimentares e estimulantes por parte dos policiais que querem ingressar no batalhão. Na preparação dos alunos do 17º Coesp (turma que se formou mês passado), seis alunos foram pegos com esses tipos de substâncias.

“Dos cinco, apenas um conseguiu entrar no curso, mas não conseguiu concluí-lo. Não podemos desligar ninguém por uso de substâncias como suplementos e estimulantes porque não são proibidos. O que podemos fazer é conversar e orientar, que é o que fazemos. Uma semana antes, a turma desse policial teve palestras sobre isso. Mas estamos estudando propostas para que possamos fazer isso futuramente”, afirmou Paulo Henrique.

Desespero da família durante enterro
O PM foi enterrado nesta quarta-feira no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, zona oeste do Rio. Cerca de 200 pessoas, entre amigos, parentes e colegas de farda participaram do cortejo. Abalado, o irmão de Eduardo afirmou que o soldado foi espancado no treinamento. Flávio Silva Fonseca, outro irmão, fuzileiro naval, disse no velório que houve assassinato. “Ele apanhou. Isso foi assassinato. Qualquer um pode ver o que foi feito. O rosto dele foi desfigurado”.