Redação do Enem prova que estudante não lê livros

Wilson Aquino*

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Entre tantas notícias que ocupam o cenário nacional, uma em especial deveria alarmar toda a sociedade: apenas 12 estudantes, entre os quase 3,2 milhões que participaram do Enem 2024, atingiram a nota máxima na redação. Esse resultado, além de preocupante, escancara um problema estrutural no Brasil: o baixo incentivo à leitura entre crianças, jovens e adolescentes.

A deficiência na leitura e na interpretação de textos compromete não apenas o desempenho acadêmico, mas também a formação pessoal e profissional dos indivíduos. O hábito da leitura é um aprendizado indispensável para o desenvolvimento da criatividade, do pensamento crítico e da habilidade de argumentação – competências fundamentais em qualquer área da vida. Contudo, a ausência de estímulos à leitura reflete-se nos números estarrecedores do desempenho educacional brasileiro.

Os pais desempenham um papel central na formação do hábito da leitura, mas muitos falham nessa missão. Quantas famílias hoje leem histórias para seus filhos antes de dormir? Quantas vezes incentivou o contato com livros desde os primeiros anos de vida, oferecendo obras ilustradas, coloridas e atraentes que despertem o interesse das crianças?

Muitas vezes, os pais não servem como exemplo de leitores para os filhos. Ao negligenciarem o ato de ler, deixam de mostrar às crianças o vasto universo de conhecimento, imaginação e emoções que os livros oferecem. Essa falta de estímulo inicial tem consequências profundas, pois a leitura é uma prática que precisa ser cultivada desde cedo para se tornar um hábito duradouro.

As escolas também têm uma parcela significativa de responsabilidade. É inaceitável que muitas instituições de ensino, especialmente as públicas, não disponham de bibliotecas adequadas ou de acervos diversificados. Livros didáticos são indispensáveis, mas não bastam. É necessário oferecer romances, histórias de aventura, ficção e obras de diferentes gêneros para atender aos interesses variados dos alunos.

Além disso, as práticas pedagógicas precisam ser repensadas. A leitura não deve ser tratada apenas como uma obrigação escolar, mas como uma porta para um mundo de possibilidades. Projetos de incentivo à leitura, concursos literários e premiações poderiam transformar a relação das crianças e jovens com os livros. Cabe aos professores e gestores educacionais explorar essas estratégias para despertar nos alunos o prazer pela leitura.

O Estado, por sua vez, é outro ator que não cumpre seu papel. Apesar de ser o principal responsável por garantir o acesso à educação de qualidade, negligencia a criação de políticas públicas que promovam a leitura. A tributação elevada sobre os livros, que deveria ser acessível a todas as camadas da população, é um exemplo claro dessa falta de compromisso.

A ausência de investimentos em bibliotecas escolares, capacitação de professores e programas de incentivo à leitura revelam uma prioridade equivocada dada ao setor educacional. Além disso, o dado de que apenas um aluno de escola pública obteve nota máxima na redação do Enem expõe a desigualdade no acesso à educação de qualidade.

Promover a leitura é essencial para transformar a realidade do país. Ler não é apenas uma atividade acadêmica; é uma forma de ampliar horizontes, compreender o mundo e desenvolver o potencial humano. Alunos que leem mais são capazes de interpretar melhor os desafios que enfrentam e estão mais preparados para inovar e se destacar no mercado de trabalho e tirar boas notas em qualquer desafio como uma prova de redação.

A importância da leitura e do aprendizado está profundamente alinhada com princípios bíblicos que ressaltam o valor do conhecimento e da sabedoria. Em Provérbios 4:7, lemos: “O princípio da sabedoria é: adquire a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o conhecimento.” Essa passagem destaca que buscar o conhecimento deve ser uma prioridade para o crescimento pessoal e espiritual. A leitura, nesse contexto, é uma ferramenta essencial para adquirir sabedoria, permitindo que as pessoas compreendam melhor o mundo ao seu redor e se tornem mais preparadas para lidar com os desafios da vida.

O cenário alarmante exposto pelos resultados do Enem 2024 exige uma mudança de postura urgente e efetiva. Promover a leitura em casa, na escola e com políticas públicas consistentes é um compromisso inadiável para toda a sociedade. A leitura, como ensinam as Escrituras, é uma fonte de sabedoria, conhecimento e transformação. Quando famílias, escolas e o Estado trabalham juntos para construir uma cultura de leitura, estamos não apenas formando leitores, mas cidadãos conscientes, críticos e preparados para transformar o Brasil em um país mais justo e próspero. É hora de agir, pois quem lê se abre para um futuro de infinitas possibilidades.

*Jornalista e Professor