O recente falecimento do embaixador Marcos Azambuja teve uma grande repercussão não só nos meios diplomáticos como em diferentes setores da sociedade. O ilustre brasileiro, mais do que uma bela carreira, conquistou ao longo da vida admiradores, seguidores, encantados com sua maneira de ser, ouvir e transmitir. Nos últimos anos, era chamado pelas televisões e outras mídias para opinar sobre questões relacionadas com a diplomacia e a política internacional, e foi sempre impecável na isenção e no bom senso, brilhou também no Conselho de Notáveis da Confederação Nacional do Comércio. Este conjunto fez com que se destacasse tanto na sua geração, rica em grandes valores.
Os detentores de poder, riqueza, dedicados a carreiras no setor público, atuantes nas artes e na cultura em geral deveriam refletir sobre a importância do comportamento pessoal na formação de conceito e na longevidade de sua presença neste mundo.
Na música, impressiona no Brasil e no resto do mundo a presença permanente de Tom Jobim, também vindo de uma época de grandes nomes de nossa música popular. Mas ele é o consagrado, décadas depois de deixar este mundo.
A personalidade sem polêmicas, posições controvertidas e temperamentos exóticos favorece sempre. O entorno familiar e de amigos é outro fator que influi no respeito e na admiração de seus contemporâneos e pósteros.
A posteridade é inadministrável. Muitos se devotaram a sustentar uma rede de promoção ao longo da vida, gastando e se dedicando. Mortos, o esquecimento se faz presente em muito pouco tempo. Muitos não resistem à missa de ano. Admiração e respeito duráveis não pedem promoção.
Um olhar sobre homens que passaram por altos cargos, acumularam grandes fortunas, tiveram momentos de sucesso profissional ou pessoal vai encontrar muitos esquecidos. Não necessariamente por malfeitos eventuais, mas sim pela ausência de benfeitos, na discrição, na austeridade, na solidariedade e até na caridade. E, muito importante, no saber conviver com o sucesso sem perder a simplicidade e a humildade. Para isso, não precisa ser religioso, basta ser intrinsicamente bom.
Vivemos um momento de mudanças. Uma troca de valores, inclusive pela volta de princípios permanentes na ética e na moral; tudo deve ser refletido para que se encontre novos caminhos, novas posturas, na busca de um futuro melhor. A ideologia deve ser o progresso, não só econômico, mas social, espiritual, pois a construção de uma sociedade que atenda a todos na dignidade na qualidade de vida pede recursos. E recursos não devem vir de impostos, mas de trabalho, educação, treinamento, produtividade e qualidade na produção.
Precisamos de imortais, mais Tom Jobim e Marcos Azambuja e menos polêmicos e equivocados.