Lendo sobre os 80 anos do Hospital das Clínicas, este gigante da saúde pública de São Paulo, um lado lamentável foi a omissão do nome de seu criador, Adhemar de Barros, homem público oriundo da Medicina. Formado no Rio, na Nacional de Medicina, pós-graduado na Alemanha e com residência médica na França.
O presidente JK, ao convidar o PSP de Adhemar para formar na maioria parlamentar de apoio a seu governo, ofereceu o Ministério da Saúde explicando que gostaria de ter feito em Minas a metade do que ele fizera por São Paulo. E Adhemar deu duas indicações do que havia de melhor no Brasil, Mário Pinotti e Maurício de Medeiros.
A contribuição de Adhemar não ficou no hospital de referência, mas em dezenas de obras pelo interior paulista, com ênfase no atendimento infantil. Foram dezenas de hospitais e centros de estudos como os institutos Adolfo Lutz e Emilio Ribas e o grande sanatório de Campos do Jordão, que ele tornou a estação climática e polo turístico que é hoje. Além das primeiras autoestradas do Brasil, a Via Anchieta e a Via Anhanguera e depois, no último mandato, a Castelo Branco. Em sua gestão o Banco do Estado construiu a sede no edifício mais alto do Brasil e a VASP foi fundada. Aviador, Adhemar construiu dezenas de aeroportos por São Paulo. Não é pouca coisa para ser esquecida. Criou a moderna agricultura paulista.
Talvez fosse o momento de os paulistas resgatarem a obra e a trajetória deste político que governou o estado por três ocasiões e uma a capital. Empresário, foi defensor da livre empresa e do liberalismo econômico, candidato duas vezes a Presidência da República, foi fundamental em 64 para a vitória do movimento que afastou eminente perigo de uma tomada do poder pelas esquerdas ligadas a Fidel Castro. Fundou empresas de referência como a Chocolates LACTA e a Rede Bandeirantes de rádio, hoje com televisão e dirigida pelos netos e jornais como O DIA, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Cabe lembrar que reuniu em seus governos nomes notáveis como Miguel Reale, Amador Aguiar, Olavo Fontoura, Ciccillo Matarazzo, Charles de Souza Dantas Forbes, Ataliba Nogueira, Goffredo Silva Telles, Figueiredo Ferraz e Laudo Natel, seu vice e sucessor. Em viagens a Europa era recebido pelos grandes governantes da época, como o General Francisco Franco, na Espanha e Antônio Salazar, em Portugal. Falava fluentemente inglês, francês, alemão e espanhol.
Foi um estadista na visão e na ação. Muito católico morreu em Lourdes, na França em viagem de motivação religiosa. A primeira grande basílica de Aparecida contou com seu generoso apoio;