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Opinião

A banalização nossa de cada dia

por Dartagnan da Silva Zanela (*)
Admin -

Bem ou mal, temos apenas uma vida — o que não nos impede de viver incontáveis vidas ao longo dos nossos dias. Vidas essas que podem ser experimentadas por nós através da literatura. Por meio dela, como nos lembra Mario Vargas Llosa, podemos ampliar a nossa compreensão da natureza humana, dilatar a nossa percepção da realidade e, é claro, cultivar valores que dão um sabor especial a nossa existência.

Nesse sentido, podemos dizer que essa observação feita pelo finado escritor peruano está em consonância com as reflexões de Miguel de Unamuno, que nos chama a atenção para o fato de que a imaginação é a base da inteligência humana — e não o contrário.

Para que possamos pensar algo, refletir sobre alguma coisa ou mesmo tecer uma crítica, é imprescindível que sejamos capazes de imaginá-la. Se não formos capazes disso, não teremos como matutar a respeito de nada, pois tudo o que está ao alcance da compreensão deve, necessariamente, estar primeiro presente em nossa imaginação.

Por essa razão, é de fundamental importância alimentarmos o nosso imaginário com uma ampla gama de possibilidades humanas, de vidas possíveis, porque é através dessas imagens, cenas e tramas que nos tornamos capazes de analisar e compreender a estrutura dramática da vida.

Agora, se a nossa imaginação for parcamente alimentada – com toda a ordem de subprodutos culturais massificados que são fornecidos através dos conglomerados midiáticos – inevitavelmente teremos apenas e tão-somente uma visão medíocre de tudo e de todos.

Infelizmente, na atualidade, essa mendacidade existencial domina o olhar e a alma do homem contemporâneo, tendo em vista o que é considerado, imaginado hoje como sendo o máximo de maldade e de bondade que uma pessoa pode realizar.

Uma imaginação empobrecida não apenas limita a nossa capacidade de conceber o que seja o sumo bem, mas, sobretudo, limita o nosso campo de compreensão do que é o mal em sua forma mais pérfida.

Pior: o depauperamento da nossa imaginação restringe a nossa capacidade de avaliar o bem que deixamos de fazer, bem como de identificar o mal que habita em nós — e que nos impele a viver de forma inconsciente, inconsistente e inconstante na banalidade nossa de cada dia. A mesma banalidade que Hannah Arendt nos adverte como sendo o elã que anima e vivifica toda a perversidade que apenas o ser humano é capaz de perpetrar contra seu semelhante.

*

(*) professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO”, entre outros livros.

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