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A iniciativa de associar cores e meses a campanhas de conscientização sobre problemas de saúde que afligem a população brasileira, como o ‘Outubro Rosa’ (câncer de mama), ‘Novembro Azul’ (câncer de próstata) e ‘Dezembro Vermelho’ (AIDS), é louvável do ponto de vista de alertar as pessoas sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Ao mesmo tempo, é lamentável porque reflete duas tristes realidades brasileiras: a falha do sistema de saúde, que deveria ser um modelo exemplar, mas que, na prática, está longe de garantir o atendimento de qualidade que as pessoas precisam e merecem; e a outra é quanto aos cidadãos que, em sua maioria, não priorizam o cuidado com o próprio corpo, fazendo uso maciço de drogas, bebidas alcoólicas, fumo e outros produtos e alimentos nocivos à saúde, até que seja tarde demais.
O governo deveria ser o principal garantidor de um sistema de saúde eficiente e acessível. O Brasil, com sua elevada carga tributária, arrecada uma soma significativa de recursos que, teoricamente, poderia sustentar um sistema de saúde de excelência. Porém, a realidade que vivemos é o oposto. Apesar de trabalhar, em média, seis meses por ano apenas para pagar impostos, o cidadão brasileiro se vê diante de serviços de saúde sucateados, filas intermináveis, falta de medicamentos e equipamentos, e um atendimento muitas vezes desumano. Isso é inadmissível em um país com o potencial financeiro que temos.
Com a quantidade de tributos pagos, deveríamos ter acesso a um sistema de saúde irrestrito, capaz de oferecer exames preventivos, diagnósticos avançados e tratamentos a todos os brasileiros, independentemente de sua localização ou condição financeira. Um sistema que identificasse e tratasse não apenas doenças existentes, mas também tendências genéticas e riscos futuros, prevenindo problemas antes que se tornassem graves. No entanto, muitos brasileiros precisam recorrer à Justiça para garantir tratamentos e medicamentos básicos, algo que deveria ser um direito assegurado pelo próprio Estado.
O problema não é a falta de recursos financeiros e sim de má gestão, corrupção e desvios de verba que comprometem a prestação de serviços essenciais em todas as áreas (infraestrutura, educação, saneamento básico, etc.). Enquanto isso, gastam-se milhões com supersalários, privilégios de servidores dos três poderes e enriquecimento ilícito, ao passo que os hospitais estão lotados, sem infraestrutura adequada para atender a demanda. A corrupção e o uso indevido de recursos públicos são provas de uma máquina estatal que trabalha para si mesma, enquanto o povo fica à mercê de um sistema ineficiente.
A grande questão é: onde estão as autoridades responsáveis por administrar esses recursos? O que fazem os representantes eleitos para garantir que o dinheiro público seja aplicado corretamente? Onde está a justiça que não pune os culpados? O Brasil poderia, sim, ter o melhor sistema de saúde do mundo, com acesso universal, serviços de ponta e um atendimento digno em todos os níveis. O que falta é compromisso, transparência e vontade política para reverter esse cenário de descaso, de desvio e de desperdício do dinheiro público.
A Bíblia nos ensina a importância do cuidado com o corpo e a saúde como um ato de gratidão a Deus. Em 1 Coríntios 6:19-20, lemos que nossos corpos são “templo do Espírito Santo”, e, por isso, devemos cuidar bem deles, evitando tudo aquilo que possa nos prejudicar. Isso inclui hábitos alimentares saudáveis, prática de atividades físicas, e o cuidado regular com a saúde por meio de exames preventivos. Assim como zelamos por um templo físico, devemos zelar por nossa saúde, reconhecendo que é um presente de Deus que deve ser preservado e mantido com responsabilidade e sabedoria.
Além do autocuidado, a Bíblia também destaca a responsabilidade dos governantes em zelar pelo bem-estar do povo. Em Provérbios 29:2, está escrito: “Quando os justos governam, o povo se alegra; quando os ímpios dominam, o povo geme”. Esse versículo nos lembra que líderes honestos e íntegros devem trabalhar em prol do bem comum, assegurando que os recursos públicos sejam usados de maneira eficaz e justa. Um governante honrado reconhece sua posição como uma responsabilidade dada por Deus e busca, em tudo, garantir o bem-estar físico, social e espiritual da população, promovendo políticas que assegurem uma saúde pública digna e acessível.
Por fim, tanto o cuidado individual quanto a governança justa estão fundamentados em princípios bíblicos de amor e serviço ao próximo. Jesus nos ensina, em Marcos 12:31, a amar o próximo como a nós mesmos. Esse mandamento envolve não apenas cuidar de nossa própria saúde, mas também lutar para que todos tenham acesso a condições dignas de vida. Governantes que agem com justiça e integridade são instrumentos de Deus para garantir que esse amor seja manifestado em ações concretas, promovendo o bem-estar e a saúde de todos, especialmente dos mais vulneráveis. Assim, a saúde pública e o autocuidado tornam-se responsabilidades compartilhadas entre governados e governantes, à luz da Palavra de Deus.
*Jornalista e professor
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