Na verdade, a disputa deste não será entre os dois candidatos saídos das urnas no dia 2, Bolsonaro e Lula. A realidade é bem outra e deve ser considerada pelos eleitores, pelos formadores de opinião, pelas lideranças não partidárias. A escolha pede responsabilidade, bom senso, não podendo se limitar a se preferir este ou aquele, gostar mais de um ou de outro. Ambos têm defeitos e qualidades, mas, sobretudo, eles possuem lado, fizeram ao longo da vida pública opções muito nítidas.

Lula foi presidente por dois mandatos e nos legou a sucessora Dilma Rousseff. Esteve preso, condenado em mais de um processo, em duas instâncias e teve as sentenças anuladas e encaminhadas para outro juízo, que não se manifestou desde então. Os escândalos na Petrobras, nos Correios, nas delações e nas devoluções milionárias são suficientes para se acreditar que o Brasil foi assaltado e não seria possível o presidente não saber, permitir e até se beneficiar. No caso dos imóveis no Guarujá e em Atibaia, as explicações afrontam o bom senso. Foram grandes somas e muitos envolvidos, alguns confessos.

O ex-presidente não esconde que é contra o teto de gastos, que admira movimentos sociais como o MST, é simpático aos regimes de Venezuela, Nicarágua, Cuba, Chile, e Peru, chamados bolivarianos, todos em crise grave na economia, no social e na política. Autorizou a muitos empréstimos do para obras e nenhum teve pagamento. Foram bilhões “doados” a estes regimes, em nome da solidariedade ideológica.

O eleitor deve saber em que proposta vai votar. E deve ser respeitado neste direito inalienável numa democracia.

Já o presidente Bolsonaro apresenta um bom ambiente econômico para a geração de trabalho e renda, excelentes números no emprego, no controle inflacionário, na vacinação que ironizou, na baixa presença de atos sob suspeição e sempre em números insignificantes perto dos anos PT. Infelizmente, uma certa insegurança o leva andar em companhias que pouco ou em nada o acrescenta e se porta de maneira inconveniente diante da mídia e quando em viagens ao exterior. Dizem que não escuta ponderações de auxiliares mais gabaritados, como militares de alta patente e diplomatas. Seu crescimento no primeiro turno se deveu mais ao que o opositor representa do que aceitação de seu desempenho pessoal. Precisa ser mais humilde e aceitar a liturgia exigida pelo cargo.

Uma avaliação do resultado permite se supor que, não fossem as polêmicas provocadas desnecessariamente, poderia ter vencido no primeiro turno.

Agora, vai precisar de humildade, tolerância, objetividade e se limitar a mostrar resultados, sem adjetivos. Isso se quiser se reeleger.

Foi o grande vitorioso do pleito, inclusive pela desmoralização das pesquisas e da mídia em geral que os resultados revelaram, como pela bancada do centro-democrático sólida e que garantem quatro anos de bom senso no Congresso.