A arte na política

Aristóteles Drummond

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Aristóteles Drummond

Não é só na política que a sucessão é importante para manter conquistas ou corrigir erros. Nas empresas, ocorre o mesmo. Não cabe, mas acontece com frequência escolhas infelizes, equivocadas, que custam caro. Inclusive pelo fato sabido de que, na prática, a teoria é outra. Os fatores subjetivos são importantes.

Na vida empresarial, são raras as grandes empresas familiares, como eram todas há décadas. Hoje, chegam à terceira geração, no máximo.

Na República moderna, exemplo maior foi o de Getúlio Vargas, que escolheu o jovem Jango Goulart, seu interlocutor nos anos de exílio em São Borja. O herdeiro não tinha as qualidades do patrono e gerou grave crise militar na sua passagem no Ministério do Trabalho, possivelmente a semente do afastamento do presidente na crise que culminou com seu gesto extremo. Como pelo visto não aprendeu, reincidiu na aproximação com comunistas e caiu. Getúlio melhor teria feito se fizesse herdeiro o genro, Amaral Peixoto, um estadista que se revelou depois da morte do sogro e longe de sua sombra. Em 1955, indicado vice de JK, foi eleito e reeleito como vice do Mal. Lott, mas com Jan-Jan (Jânio-Jango). 

Esta linha próxima ao PT em 2018, dos tucanos, inspirou a debandada do centro democrático para Bolsonaro, como o caso do BolsoDoria, em São Paulo, e de Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul. Alckmin escolheu o alvo errado.

O presidente Emílio Médici foi outro gaúcho que se equivocou na sucessão. Com um mandato popular, progressista, com o Brasil crescendo a taxas superiores a 10%, optou pelo General Geisel, um estatizante que aceitou a eleição por indicação militar para gerar, por iniciativa própria, uma mal planejada abertura do regime, a vigorar no dia seguinte do término do seu mandato. Sorte a do Brasil que o presidente Figueiredo soube levar a abertura com um governo realizador, tendo entregado o Brasil como oitava economia mundial.

O presidente Lula amarga a infeliz escolha da sucessora, que acabou vergonhosamente deposta, legando um país falido. Mais uma vez, a sorte levou ao poder um homem equilibrado e de bom senso, o presidente Temer, que não foi reeleito como desejável, pelas péssimas companhias que insistiu em manter no seu círculo mais íntimo. E insiste até hoje.

Agora, o presidente Bolsonaro teria a chance de fazer uma boa sucessão, preservar as conquistas que seu governo inegavelmente proporcionou ao Brasil, reconhecendo que seu estilo muito particular o tornou cada vez mais inviável, no campo eleitoral. Passaria bem à história, seria respeitado até, pois o tempo aplaca os ódios, se formulasse uma chapa Tarcísio de Freitas e Teresa Cristina, ou vice-versa, que uniria o Brasil mais respeitável, incluindo o bom e sofrido trabalhador, que hoje sabe perceber o quem é quem e o que representa.

Não teria terceira via, seria o triunfo do bom senso e do patriotismo. Não custa nada sonhar!!!