Após tocar R$ 5,95 no início da tarde, em linha com a piora dos ativos de risco no exterior, o dólar desacelerou o ritmo de alta nas últimas horas de pregão e encerrou a sessão desta quinta-feira, 10, com avanço de 0,88%, a R$ 5,8988. A moeda norte-americana sobe 1,09% na semana e 3,39% no mês.
Mais uma vez, os negócios no mercado de câmbio foram ditados pelo vaivém das notícias do embate tarifário entre Estados Unidos e China, que promoveram retaliações mútuas nos últimos dias. Os preços do petróleo caíram mais de 3% e já acumulam desvalorização de cerca de 15% em abril.
A percepção de que a guerra comercial vai levar a uma queda do crescimento mundial, com eventual recessão nos EUA, deprime os preços das commodities, o que castiga divisas emergentes, em especial as latino-americanas. O real liderou nesta quinta as perdas entre as principais moedas globais, seguido pelos pesos mexicano e colombiano.
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY caiu quase 2% e furou o piso e 101,000 pontos, com mínima aos 100,700 pontos, com a moeda americana perdendo mais de 2% em relação ao euro. Tradicional refúgio ao risco, o franco suíço subiu mais de 3%.
O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, ressalta que a falta de acordo entre China e EUA prejudica grandes exportadores de commodities e dificulta investimentos no Brasil
“O cenário é delicado. Grandes empresas e investimentos vão buscar maior proteção e isso vai fortalecer moedas fortes. Não é o caso do Brasil”, disse Almeida, lembrando que no início do ano a expectativa era de crescimento global de 3%. “Agora tem que esperar para ver como vai ficar isso com o risco da guerra comercial”.
As máximas do dólar coincidiram com o pico na aversão ao risco lá fora, quando a Casa Branca esclareceu que a tarifa total aplicada a produtos chineses será de 145%, soma de 125% anunciados na quarta com 20% impostos anteriormente. Como informado na quarta, países que não retaliaram os EUA terão tarifa mínima de 10%, suspensa pelo prazo de 90 dias.
Nas horas finais do pregão desta quinta, houve uma moderação das perdas das divisas emergentes com acenos de Donald Trump à China O presidente norte-americano sinalizou que autoridades chinesas já teriam entrado em contato para negociar um acordo, o que o deixou esperançoso. “Em alguns sentidos, Xi Jinping (presidente chinês) tem sido meu amigo por muitos anos e espero conversar com ele”, afirmou Trump.
O superintendente da mesa de derivativos do BS2, Ricardo Chiumento, afirma que os movimentos exacerbados da taxa de câmbio mostram que as negociações assumiram um caráter “majoritariamente especulativo” nos últimos dias.
“A volatilidade é extrema, com base em notícias e muitas vezes sem fundamento. Vemos isso no comportamento dos ativos mais líquidos. E o real é um deles”, afirma Chiumento. “Não faz sentido uma oscilação como a de ontem à tarde, quando o dólar estava acima de R$ 6,00 e desceu para o nível R$ 5,80.”
Chiumento observa que o tombo do petróleo, cuja dinâmica de preços é mais atrelada a fundamentos econômicos, sugere que o mercado já trabalha com uma piora da atividade global, em razão da disputa entre as duas maiores economias do mundo.
Pela manhã, o dólar chegou até a operar pontualmente em baixa no mercado local, com mínima a R$ 5,8259, sob o impacto da leitura benigna da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA. O índice cheio caiu 0,1% em fevereiro, quando a expectativa era de avanço de 0,1%. Já o núcleo do CPI avançou 0,1%, abaixo das estimativas (0,3%).
A avaliação de consultorias e economias é a de que a inflação ao consumidor ainda não reflete o impacto do tarifaço. Monitoramento do CME Grupo mostra que as apostas em torno do orçamento total de corte de juros pelo Federal Reserve neste ano oscilam entre 75 e 100 pontos-base.
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