Após oscilações bem contidas e trocas de sinal ao longo da tarde, o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 5, próximo à estabilidade, na casa de R$ 5,50, em linha com o comportamento da moeda americana no exterior.
No início dos negócios, a divisa ensaiou uma movimento de alta e atingiu R$ 5,5356, mas perdeu fôlego logo em seguida com um movimento de realização de lucros, embalado por certo alívio após o presidente norte-americano, Donald Trump, não citar o Brasil em entrevista à CNBC.
Com mínima a R$ 5,4996, o dólar à vista fechou a R$ 5,5060 (-0,01%). A moeda recua 1,69% nos três primeiros pregões de agosto, após avanço de 3,07% em julho. No ano, o dólar acumula desvalorização de 10,91% em relação ao real, que apresenta no período o melhor desempenho entre as divisas latino-americanas.
O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, diz que o real “até se comportou bem” apesar do aumento dos “ruídos políticos”, com investidores em “compasso de espera” pela reação de Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro.
“Acredito que é bem provável o Trump escalar ainda mais. Difícil saber o que vai vir, mas algo vem. A situação deve piorar porque nenhuma das partes parece disposta a recuar”, afirma Weigt, citando também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes.
Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o chamado “Conselhão”, Lula disse que o presidente americano não tinha direito de anunciar taxações ao Brasil e que o governo colocará em execução um plano de contingência para mitigar os efeitos do tarifaço.
“Não vou ligar para o Trump para conversar, não, porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP”, disse, em referência à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém (PA).
Weigt avalia que o real pode se descolar de um eventual enfraquecimento global do dólar se Trump adotar medidas que restrinjam o fluxo de investimentos diretos e em portfólio ao Brasil. “Isso pioraria muito o ambiente”, afirma o tesoureiro. “Se não vier nada muito forte, o real acompanha o movimento externo e pode até se valorizar mais pelo diferencial de juros “
Pela manhã, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu o recado de quarta-feira passada, 30, quando a Selic foi mantida em 15%. Economistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) avaliam que a ata reforça a estratégia do comitê de manter a Selic em nível elevado por período prolongado. Parte do mercado, porém, vê chances de redução dos juros no fim deste ano.
“A ata reforçou um tom mais cauteloso do Banco Central, sinalizando que a Selic deve permanecer em 15% por mais tempo, o que é um motivo a mais para atrair fluxo de capital especulativo para o Brasil e ajudar o real”, afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, ressaltando que a liquidez foi bem reduzida, reflexo do baixo apetite por risco. “O clima é de muita incerteza por conta das ameaças de Trump, embora hoje ele não tenha mencionado especificamente o Brasil.”
No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisa fortes – também operou ao redor da estabilidade, marcando 98,774 pontos (-0,01%) no fim da tarde. Destaque para a queda de mais de 0,30% da moeda americana em relação ao iene.
Após dados fracos do mercado de trabalho americano na última sexta-feira, que reforçaram a expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro, veio a leitura abaixo do esperado do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), que recuou de 50,8 em junho para 50,1 em julho. A previsão era de alta do índice para 51,3. Leituras acima de 50 indicam expansão de atividade.
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