A Argentina registrou uma nova desaceleração de sua inflação mensal em fevereiro, com 13,2%, confirmando as previsões do presidente Javier Milei de que o índice estaria abaixo de 15%. A taxa interanual, no entanto, registrou novo recorde com 276,2%, e segue a maior do mundo após ultrapassar a Venezuela. Em uma medida para conter o aumento de preços, Milei liberou a importação de produtos da cesta básica.

Os setores de comunicação (24,7%), transportes (21,6%) e habitação, água, luz, gás e outros combustíveis (20,2%) impulsionaram o aumento do índice de preços no segundo mês do ano, informou o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec, semelhante ao IBGE do país). Em janeiro, a inflação havia sido de 20,6% e, em dezembro, de 25,5%.

Milei comemorou a cifra nesta terça, 12, chamando de “numeraço”, e publicou um comunicado dizendo que o número evidencia uma forte desaceleração dos preços, que atribuiu à sua “forte disciplina fiscal”. A queda no valor mensal, tanto de fevereiro quanto de janeiro, já era esperada frente ao súbito aumento de dezembro após a desvalorização de quase 55% do valor da moeda promovida pelo novo governo.

O resultado, porém, tem ocorrido à custa de uma queda no consumo dos argentinos e uma forte desvalorização dos salários e aposentadorias que, ao serem congelados, não acompanham a flutuação dos preços. Todas as medidas fazem parte do plano de ajuste fiscal do governo libertário que visa atingir o déficit zero ainda este ano.

Em uma medida para conter o aumento dos preços, o Ministério da Economia ordenou a abertura das importações de banana, batata, carne de porco, café, atum, produtos derivados do cacau, inseticidas, fraldas, entre produtos que compõem a cesta básica, e também medicamentos que registraram aumentos este ano acima da inflação mensal.

A Argentina realiza um controle das importações e busca incentivar as exportações em sua histórica tentativa de atrair dólares. Embora o país tenha fortes restrições para operar com dólares, o Banco Central reduzirá o prazo de pagamento de importações de alguns alimentos, que passará de um esquema de parcelamento de até 120 dias para um único pagamento dentro de 30 dias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.