A Coreia do Sul vai lançar em breve um novo tipo visto para estrangeiros que sonham em treinar como estrelas do K-pop. A medida é uma uma tentativa de impulsionar o setor de turismo e alcançar novamente os níveis pré-pandêmicos.

O “K-Culture Training Visa” será disponibilizado aos estrangeiros que queiram treinar dança, coreografia e trabalhar como modelo de K-pop, anunciou o Ministério das Finanças na segunda-feira (17).

Os solicitantes não precisam necessariamente fazer um teste ou ter uma oferta de alguma agência de talentos – pelo menos por enquanto. A expectativa é que mais detalhes sejam divulgados ainda este ano.

O aumento no interesse pela cultura coreana fez com que muitos fãs estrangeiros viajassem para a Coreia do Sul e até mesmo aprendessem o idioma, chegando até mesmo a fazer peregrinações para visitar os locais de filmagem de videoclipes e dramas K-pop.

Agora, Seul pretende usar a popularidade de sua cultura como um atrativo turístico para mais pessoas em todo o mundo, o que possivelmente diminuirá as barreiras para os viajantes do Sudeste Asiático. No ano passado, os viajantes de países como a Tailândia e as Filipinas representaram mais de um quinto do total de visitantes da Coreia do Sul, de acordo com o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo (MCST), apesar das exigências de visto, muitas vezes demorada.

A ascensão das exportações culturais sul-coreanas acontece desde a década de 1990, apelidada de Hallyu Wave ou K-wave, que aumentou muito na última década, já que grupos como BTS e Blackpink entraram nas paradas musicais internacionais e as séries dramáticas coreanas se tornaram mais populares nas plataformas de streaming.

De acordo com MCST, O K-pop já virou um dos motivos mais citados para visitar o país, sendo interesse particularmente forte dos fãs estrangeiros do Sudeste Asiático, da Europa e dos EUA.

As celebridades coreanas também têm aparecido bastante nas propagandas de viagens, como o ator de Round 6, vencedor do Emmy, Lee Jung-jae, que se tornou o embaixador honorário do turismo no país, enquanto a transportadora principal Korean Air em parceria com boy band SuperM produziu seu vídeo de segurança a bordo em 2019.

Mas, embora as nacionalidades das pessoas que entram no país estejam se tornando mais diversificadas, o turismo tem demorado a se recuperar aos níveis anteriores à pandemia, de acordo com o Ministério das Finanças.

No ano passado, cerca de 11 milhões de pessoas visitaram o país – um pequeno aumento em relação ao ano anterior, mas muito menor do que em 2019, quando mais de 17,5 milhões de turistas visitaram o país, de acordo com dados do governo.

A receita do turismo também continuou a ficar abaixo do que era esperado, gerando US$ 15,1 bilhões em 2023, 25% a menos do que os US$ 20 bilhões observados em 2019. O ministério disse que a lenta recuperação se deveu à mudança de gastos de compras para experiências culturais.

A Coreia do Sul também facilitou a estadia e o trabalho dos nômades digitais no país, implementando o visto “workation” no início deste ano. O governo está pensando em expandir o esquema para que os trabalhadores remotos também possam fazer turismo enquanto trabalham no país.

Embora os últimos anúncios sejam um passo fundamental para abrir as fronteiras da Coreia do Sul aos trabalhadores internacionais, alguns especialistas acreditam que esses vistos poderiam ajudar a aumentar a força de trabalho e aliviar a crise demográfica em um país que tem a menor taxa de fertilidade do mundo.