Rebeldes do Partido Conservador querem mudar regra para desafiar Boris Johnson
O ex-líder conservador William Hague pediu a Johnson que renuncie
Agência Estado –
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Enquanto o primeiro-ministro britânico Boris Johnson tenta reconstruir sua autoridade após sobreviver a um voto de desconfiança que revelou profundas divisões no Partido Conservador, parlamentares considerados “rebeldes” dentro da legenda, que votaram pelo afastamento do premiê, articulam formas de submeter a liderança a uma nova votação nos próximos meses – o que exigiria mudanças em regras partidárias.
Johnson sobreviveu a uma moção de desconfiança impetrada por membros de seu próprio partido nesta segunda-feira, 6. Apesar da vitória, o resultado da votação é motivo de preocupação: 211 parlamentares de sua bancada votaram para ele permanecer no cargo, enquanto 148 votaram para ele deixá-lo. Em termos porcentuais, Johnson perdeu o apoio de 40% da bancada.
Sob as regras atuais do Partido Conservador, um premiê só pode enfrentar um voto de desconfiança por ano. Isso asseguraria a Boris Johnson um período de 12 meses para reconstruir os laços perdidos após as revelações sobre o escândalo do “Partygate”. No entanto, a regra pode ser revista pelo comitê partidário responsável por disputas de lideranças, a depender da vontade política no partido.
Mesmo após a votação, a tensão política entre os conservadores permanece acirrada. Antigos primeiros-ministros conservadores e um número crescente de legisladores conservadores temem que Johnson possa ter se tornado um passivo eleitoral. “Isso não acabou”, ecoou Philip Dunne, um parlamentar conservador que votou contra Johnson na votação de segunda-feira.
O ex-líder conservador William Hague pediu a Johnson que renuncie, dizendo que o dano causado ao seu cargo de primeiro-ministro é grave. “Foram ditas palavras que não podem ser retiradas, relatórios publicados que não podem ser apagados e votos foram dados que mostram um nível de rejeição maior do que qualquer líder conservador jamais suportou e sobreviveu”, escreveu Hague em um artigo ao “Times of London”.
O Partido Conservador tem um histórico implacável com seus líderes que deixaram de ter apelo eleitoral – incluindo Margaret Thatcher – e Johnson, que chegou ao poder de modo triunfal em 2019 quando a enfraquecida Theresa May se viu forçada a renunciar apesar de ter superado um voto de desconfiança, sabe bem disso. A margem de vitória de Johnson na segunda-feira foi mais estreita do que a que a de May em 2018, e ela foi forçada a renunciar seis meses depois.
Após a votação, Johnson prometeu “continuar com o trabalho” e se concentrar “no que importa para o povo britânico” – definido por ele como economia, saúde e crime. De acordo com o jornal britânico The Guardian, o premiê pretende apresentar ao Parlamento, ainda nesta semana, planos para anular partes do protocolo da Irlanda do Norte e fazer um discurso sobre habitação na quinta.
“Agora somos capazes de traçar uma linha sob as questões sobre as quais nossos oponentes querem falar” e “levar o país adiante”, disse Johnson a colegas do gabinete.
Um momento decisivo para a polêmica deve ser a conferência anual do Partido Conservador, realizada tradicionalmente entre 2 e 5 de outubro. O evento, que é usado para anunciar novas políticas e angariar apoio de membros de base, pode se tornar um ponto focal para aqueles que temem que o partido não consiga vencer uma eleição geral, prevista para 2024, com Johnson no comando.
Analistas apontam que esse sentimento pode criar o impulso para outro desafio de liderança antes do evento, para que possa ser usado como plataforma para um eventual substituto. (Com agências internacionais).
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